domingo, 11 de abril de 2021

ALIANÇA NACIONAL LGBTI+ APOIA A PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE COTAS PARA TRANS E TRAVESTIS NA UFLA

Pesquisa feita pela Andifes mostra que só 0,3% dos alunos de instituições federais se identificam como transgênero

A Aliança Nacional LGBTI+, organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos das pessoas LGBTI+ no Brasil, declarou apoio à proposta de implementação de Cotas para pessoas Trans e Travestis na Universidade Federal de Lavras (UFLA). 

Em ofício com data de hoje, domingo, dia 11, destinado ao reitor da UFLA, professor João Chrysostomo de Resende Júnior, a organização destaca que "em vista da problematização no contexto social quanto ao reconhecimento das diferenças no que tange ao gênero e à sexualidade, nota-se que há uma parcela da sociedade que carece de inclusão nos espaços sociais. Há uma necessidade de provocar mudanças culturais, onde possamos promover a inclusão de indivíduos considerados invisíveis em nossa sociedade."

O documento é assinado por Toni Reis, diretor presidente; Gregory Rodrigues Roque de Souza, coordenador titular da Aliança Nacional LGBTI+ em Minas Gerais; Silvio Geraldo Ferreira da Silva, coordenador municipal da Aliança Nacional LGBTI+ em Lavras e Douglas Dominciano Almeida, colaborador da Aliança Nacional LGBTI+.

Pesquisa produzida a partir de dados de levantamento feito pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2018 com estudantes de graduação, mostra que só 0,3% dos alunos de instituições federais se identificam como transgênero. De acordo com estudo conduzido pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa (Gemaa) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o perfil da população transexual estudante de universidades federais no Brasil são em sua maioria pobres, negros, mais dependentes de programas de permanência estudantil e mais envolvidos em programas de assistência psicológica.

Este cenário leva a reflexão sobre como as cotas cumprem um papel de inserir e garantir a continuidade de pessoas trans na universidade, já consolidadas como políticas de acesso para aquelas pessoas que enfrentam violações e violências ao longo de suas vidas que impedem o processo educativo devido a sua condição, identidade e expressão de gênero.

"Sabe-se que a população Trans ocupa uma posição de vulnerabilidade, que tende a perpetuar sua marginalização. Em sua maioria, esta parcela situa-se em lugares desprovidos de oportunidades, não por uma questão de escolha, mas por uma imposição social. O preconceito enraizado as impossibilita de ter acesso ao emprego, à saúde e à educação. A violência física e moral são constantes. A violação de direitos atinge todos e todas a partir do momento em que revelam a sua identidade, onde fatos comprovam a crueldade social pela intolerância com as diferenças", destaca a Aliança Nacional LGBTI+, no documento encaminhado à UFLA.

Pesquisa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) mostra que o emprego formal ainda é exceção para a população trans, em que 90% das pessoas têm como principal fonte de renda a prostituição. E, entre as mulheres trans negras, são 85% que ganham até 1,5 salário per capita, o maior percentual entre todos os grupos analisados pelo Gemaa.

Conforme matéria publicada pela Folha de Pernambuco, questões de ordem financeira, porém, não são as únicas que devem ser tratadas quando se fala no ingresso e permanência de transexuais na universidade. Na matéria, Sara York, mestra em educação pela UERJ e responsável pelo setor de educação da Antra, diz que a própria formação de transexuais e a presença dessas pessoas em outros espaços será importante para ampliar o número que chega à graduação.

"A Aliança Nacional LGBTI+ compactua com os propósitos da Clínica de Direitos Humanos da UFLA e todos os envolvidos, em buscar desenvolver projetos que visam a defesa de direitos fundamentais, mantendo a finalidade em dar respaldo às minorias quanto a reivindicações de direitos que ultrapassam as vontades individuais e estatais", conclui a entidade.


*Por Sebastião Filho

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