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SEGURANÇA DO TRABALHO AINDA É VISTA COMO CUSTO NO BRASIL, APONTA ESPECIALISTA

País é o 2º país do G20 com maior índice de acidentes de trabalho, indica órgão internacional

Um número alarmante para trabalhadores e empregadores. O Brasil registrou mais de 500 mil notificações de acidentes do trabalho em 2019, 3% delas resultaram em óbito. Os dados são do Anuário Estatístico de Previdência Social, elaborado pela Secretaria de Previdência Social. O documento também mostra que o número de trabalhadores incapacitados permanentemente em decorrência de acidente ocupacional chegou quase aos 20 mil.

Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o país fica atrás apenas do México entre os países do G20 com piores índices de segurança do trabalho.

“A legislação existe pra oferecer o mínimo de orientação com relação a como as empresas devem entender a segurança do trabalho, mas são necessárias outras ações, principalmente de caráter prevencionista. É preciso ter a noção da segurança como investimento, como uma área em que, quanto maior o investimento, maior o retorno positivo em saúde, segurança e qualidade de vida do trabalhador. Com isso necessariamente se consegue um produto melhor e com maior valor agregado”, avalia o docente do Senac em Segurança do Trabalho, Ivo Almeida.

Na visão do especialista, enxergar a segurança como apenas mais um custo é um dos principais fatores que fazem com que o Brasil esteja tão alto neste ranking. Ele ainda alerta para a grande subnotificação dos acidentes laborais no país e a não inclusão dos trabalhadores informais nesse tipo de estatística.

Segurança representa grande potencial desperdiçado
A presença de um técnico de segurança do trabalho nas empresas é uma obrigatoriedade prevista em lei, com requisitos para cada atividade e número de funcionários, mas o docente Ivo Almeida avalia que as empresas precisam ter mais cuidado para a composição do SESMT, Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

“É preciso olhar para os acidentes de trabalho em nível estratégico, operacional e educacional. A atuação do Técnico em Segurança do Trabalho é abrangente e passa desde as técnicas de prevenção para evitar os acidentes e doenças, interpretação e consolidação das normas e leis da área, elaboração de relatórios, tratamento estatístico dos dados e execução de treinamentos e palestras. É um potencial enorme e que acaba sendo deixado de lado por muitas empresas”, comenta o especialista.

A economia com investimentos em segurança mostra que essa maneira de compreender a área tem dado resultado contrário. Desde 2012, foram mais de 423 milhões de dias de trabalho perdidos e R$ 95 bilhões gastos com afastamentos acidentários pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), segundo a instituição.

Pandemia é fator relevante para o futuro
Desde o início do surto de Covid-19 as empresas tiveram que redobrar sua atenção com segurança, já que, além das atividades normais para a área, também se fez necessário instaurar normas para prevenção do contágio do vírus, além dos afastamentos causados pela doença. Para o especialista Ivo Almeida, isso fez com que a área ganhasse mais estruturação e atenção entre os negócios.

“Com a pandemia, foram necessários alguns ajustes em segurança, principalmente no primeiro momento, que demandou muitos treinamentos e atualizações. Mas temos visto no dia a dia das empresas um crescimento da valorização desse profissional e suas atividades. Quando olhamos para o empreendedorismo, podemos perceber um crescimento semelhante, com destaque para os negócios focados em consultoria e assessoramento em segurança e saúde, bem como a distribuição e venda de Equipamentos de Proteção Individual, o EPI”, finaliza.

Técnico em Segurança do Trabalho: atuação abrangente
Para quem deseja ingressar na área, o curso do Senac de Técnico em Segurança do Trabalho é uma alternativa com um grande leque de opções de atuação após a formação. O profissional está presente em áreas como indústria, construção civil, na mineração, na logística, em hospitais, na agroindústria e no varejo, dentre outras.

Com duração de 19 meses, o curso capacita o aluno a ser o profissional responsável por analisar e avaliar o ambiente de trabalho, as instalações e os processos laborais, visando à prevenção de incidentes, acidentes e doenças ocupacionais e adotando, assim, medidas de controle de riscos ocupacionais por meio de ações, programas de saúde e segurança do trabalho, para eliminar os possíveis riscos que possam prejudicar a integridade física e mental do trabalhador.

As matrículas estão abertas e podem ser feitas diretamente na unidade mais próxima, presencialmente ou pela Central de Atendimento. É necessário verificar se as aulas serão realizadas de forma remota no momento da matrícula.

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