Pular para o conteúdo principal

NOVO LIVRO DA COMPANHIA DAS LETRAS SOBRE ESCRAVIDÃO TRAZ ENSAIO DE PROFESSOR DA UFSJ


O professor do Departamento de Ciências Sociais (Decis) da Universidade Federal de São João Del-Rei, Marcos Ferreira de Andrade, assina um dos 14 ensaios do livro "Revoltas escravas no Brasil", publicado pelo maior grupo editorial brasileiro, a Companhia das Letras. O livro apresenta ensaios sobre as principais revoltas escravas que aconteceram durante a vigência da escravidão no Brasil, escritos por pesquisadores de diversas universidades, que possuem produção relevante sobre o tema.

A coletânea foi organizada pelos professores João José Reis (UFBA) e Flávio dos Santos Gomes (UFRJ). O título do ensaio do docente da UFSJ é “Nós somos os caramurus e vamos arrasar tudo”: a história da Revolta dos escravos de Carrancas, Minas Gerais (1833). Há cerca de 30 anos, o professor Marcos Andrade pesquisa a Revolta de Carrancas, episódio sangrento ocorrido no século XIX, naquela região do Sul de Minas, que marcou a história da escravatura em Minas e no Brasil. 

Um grupo de escravos comandou ações violentas em três fazendas da família Junqueira, que resultaram na morte de nove pessoas do clã latifundiário. Do lado dos revoltosos, a violência também foi implacável: cinco deles foram mortos durante o levante e outros 16, enforcados na vila de São de João del-Rei, pouco mais de seis meses após decorridos os autos criminais.

Caramurus
“Nessa publicação, condenso a reflexão que venho fazendo há quase três décadas sobre a Revolta dos escravos de Carrancas, com destaque para o protagonismo dos escravizados e como eles se apropriaram das identidades políticas em disputa no período das Regências (1831-1840)”, explica o pesquisador.

Segundo ele, naquela época, havia três agrupamentos políticos no Brasil: os liberais moderados, que eram monarquistas constitucionais; os liberais exaltados, que até defendiam ideias republicanas; e os caramurus, apelidados de restauradores. “Esse último grupo era mais alinhado ao imperador D. Pedro I. Após a abdicação do trono pelo monarca, no dia 7 de abril, o grupo que o apoiava acreditava na restauração do seu trono no Brasil. Vem daí o fato de alguns caramurus serem identificados como restauradores”, informa Marcos Andrade. “Por isso”, prossegue, “os escravos de Carrancas se apropriaram da identidade caramuru, ao afirmarem: “Vocês não costumam falar nos caramurus? Nós somos os Caramurus e vamos arrasar tudo.”

O professor Marcos defende que é crucial compreender o contexto de “dissenso político” entre as elites da província de Minas Gerais para entender a ação e o protagonismo dos escravos. No ensaio, trata também de outros temas, como a importância do comando do líder do levante (Ventura Mina), a composição étnica dos revoltosos e a punição exemplar dos insurretos, que resultou na maior condenação à pena de morte da história da escravidão brasileira, dando origem ao debate sobre a Lei de Exceção, promulgada dois anos depois, que puniu com mais celeridade a rebeldia escrava.

Por se tratar do maior grupo editorial do país, que publica obras da área de Ciências Humanas, sobretudo de História, o professor Marcos Andrade acredita que o ensaio representará uma grande oportunidade de fazer com que essa história seja cada vez mais conhecida. “Essa publicação soma-se a várias iniciativas que tenho desenvolvido no sentido de divulgar esse dramático capítulo da história da escravidão brasileira, tão necessário de ser amplamente debatido e conhecido”, ressalta.

"Revoltas escravas no Brasil" pode ser adquirido no site da editora Companhia das Letras.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TOMBAMENTO DE CARRETA

Tombou, agora, uma carreta de cerveja na Rodovia Fernão Dias (BR-3821), na pista sentido Belo Horizonte, no km 721, na região de Carmo da Cachoeira. A faixa da esquerda está interditada em os ambos sentidos. No momento, trânsito está fluindo sem lentidão. Motorista sem ferimentos graves. Imagens @transitofernaodias *Por Sebastião Filho 

VIGILÂNCIA SANITÁRIA INTENSIFICA FISCALIZAÇÕES PARA PREVENIR O COMÉRCIO DE BEBIDAS IRREGULARES

A Vigilância Sanitária de Varginha está realizando uma ação intensiva de fiscalização em distribuidoras e mercados da cidade para prevenir a comercialização de bebidas adulteradas e irregulares. Até o momento, foram apreendidas bebidas com prazo de validade vencido e sem procedência, mas nenhum caso de bebida falsificada ou adulterada foi identificado no município. Cinco equipes da VISA estão vistoriando 40 estabelecimentos, com foco em bebidas destiladas como cachaças, vodcas, whiskies e gins. A ação faz parte do trabalho preventivo da Secretaria Municipal de Saúde para proteger o consumidor e garantir produtos seguros. Dica importante: Antes de comprar, verifique o lacre e o rótulo, desconfie de preços muito baixos e, em caso de dúvida, entre em contato com o fabricante pelo SAC informado na embalagem. 📞 Denuncie bebidas suspeitas! Vigilância Sanitária de Varginha Telefone: (35) 3690-2204 Site: visavarginha.com.br/index.php/denuncias/

SAIBA COMO ESCOLHER OS TIPOS DE FOGOS DE ARTIFÍCIO

Produtos podem ser utilizados em diferentes ocasiões e por qualquer pessoa, e há também opções para o público infantil Eles têm várias cores, formatos e não podem faltar em comemorações e grandes eventos. Os fogos de artifício encantam por sua beleza e, quando utilizados conforme as orientações na embalagem, não oferecem perigo para quem os manuseia ou para o público que prestigia o show pirotécnico.  Diante disso, é preciso saber escolher adequadamente o tipo de fogo de artifício que será utilizado e o local indicado. O vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Magnaldo Filho, explica que os fogos de artifício são divididos em quatro classes, que se diferem, basicamente, pelo tipo de artefato e a quantidade de massa pirotécnica contida em cada um.  “Os produtos da classe A tem venda livre e são os fogos mais simples, com pouco ou sem estampido, e que produzem efeitos visuais. Esse tipo é indicado para q...