Alternativa impede que as plantas percam calor durante noites mais frias
Para minimizar os prejuízos no campo, o professor de Agrometeorologia e de Energia na Agricultura Pedro Castro Neto, da Escola de Engenharia (EENG) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), adaptou uma máquina nebulizadora, utilizada para a aplicação de produtos de proteção fitodomissanitário, para criar uma neblina artificial que impede que a geada atinja o cafezal.
As pequenas gotas de óleo mineral, diesel ou biodiesel, geradas pela nebulização, ficam em suspensão no ar, formando uma neblina artificial. Essa neblina deve ser feita a partir do ponto mais alto da bacia hidrográfica que se encontra a lavoura, para assim escoar até as partes baixas, ajudando a manter o calor junto à cultura e impedindo a concentração do ar frio. Isso ocorre porque a energia acumulada pelos corpos vem dos raios solares e tende a diminuir com o passar do dia, desse modo, a folha da planta esfria antes do que o ar atmosférico. “Todos os corpos absorvem a radiação que vem do sol e emite ondas, com um clima muito seco nessa época, a radiação da planta sobe e se dissipa, assim, a planta esfria mais rápido, chegando abaixo do limite que ela suporta, suas moléculas de água então se cristalizam e ela congela por dentro”, explica o professor da UFLA. A nebulização artificial vem então para impedir que essa radiação se perca no espaço. Realizada durante a madrugada de geada, seu início deve ocorrer quando a temperatura no ponto mais baixo da lavoura chega a 2º graus, para evitar danos às folhas.
As frentes frias que chegam junto com o início da colheita, tornam a situação mais delicada, por isso, além da nebulização artificial – conhecida como combate direto, outras medidas preventivas anuais podem evitar que as plantas sofram com o frio, minimizando os prejuízos no campo. “São medidas de longo e de curto alcance e medidas emergenciais. De longo ocorre desde a escolha do terreno, a arborização, já as de curto englobam o tipo de muda, a adubação da planta, limpeza do terreno e limpeza da área abaixo da lavoura que protegem contra as geadas de canela. Há ainda as medidas emergenciais, como pulverizar a lavoura com sulfato de potássio para aumentar a permeabilidade e elasticidade das células da planta”, diz.
As geadas ocorrem com mais frequência no inverno, quando as plantas apresentam menor atividade fisiológica, em razão da escassez de água, das baixas temperaturas e de menores durações dos dias. É possível prever a ocorrência de geadas com antecedência de até 72 horas. Embora, mesmo com todos os cuidados as plantas possam sofrer danos com as baixas temperaturas, o especialista lembra que “uma lavoura bem cuidada resiste mais e reage melhor aos efeitos da geada”, finaliza Pedro.
*da assessoria da UFLA
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