A cada quatro anos, é realizada na Universidade Federal de Lavras (UFLA) uma “consulta” à Comunidade Universitária (formada pelos professores, técnicos administrativos e alunos) onde candidatos a Reitor e Vice disputam os votos.
Esta “eleição” é usada para subsidiar o Colégio Eleitoral, formado pelos membros dos três Conselhos Superiores (Conselho Universitário - CUNI, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE e Conselho de Curadores) à formar uma lista tríplice, que é enviada ao Presidente da República para nomeação do novo Reitor.
Historicamente, na Ufla, esta “eleição” é realizada no último mês de dezembro, que antecede o final do mandato do Reitor atual. As cabines de votação sempre foram montadas no espaço da “Cantina Central”, local hoje chamado de Centro de Convivência e durante todo o dia (normalmente das 8 às 22 horas) o eleitores compareciam ao local para depositarem seu voto na urna, voto este em cédula de papel.
Este ano, o atual Reitor, cuja gestão é altamente rejeitada pela Comunidade Universitária, resolveu quebrar a tradição e fazer as coisas do jeito dele.
Causou muita estranheza quando no início deste ano, o atual reitor levou para o Conselho Universitário a proposta de se fazer uma “eleição” online em novembro, quebrando totalmente a tradição. O Reitor tanto insistiu no Conselho, que a proposta acabou sendo aprovada.
Muita gente na Ufla não viu com bons olhos esta quebra de tradição, mesmo porque o processo seria totalmente implementado pela Diretoria de Gestão de Tecnologia da Informação – DGTI, que é lógico, é subordinada à reitoria.
O Magnífico Reitor “jurou de pés juntos” perante o Conselho Universitário que todo o processo seria altamente seguro, que não havia motivo nenhum para desconfianças e que os servidores técnicos administrativos que cuidariam do sistema, além de competentes têm o compromisso da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (CF 88).
O Diretor da DGTI compareceu perante o Conselho Superior e deu todas as garantias de que seria um processo realmente seguro.
Diante disto e reconhecendo a seriedade, competência e compromisso com a legalidade que é característica marcante dos Servidores da Ufla, a comunidade universitária viu e participou de um processo eleitoral conduzindo por uma Comissão que se mostrou isenta, profissional e competente, somando seus esforços aos colegas da DGTI para que tudo ocorresse de forma ordeira, pacífica, legal e organizada.
Foi o que se viu na Ufla, durante a campanha eleitoral que ocorreu do dia 12 de outubro até o dia 19 de novembro, com três chapas inscritas.
No dia 22 de novembro foi realizada a “eleição” que teve início às 8 horas e encerramento às 21 horas, com o resultado anunciado minutos depois do encerramento, sendo que a “abertura” das urnas ocorreu na presença dos candidatos e/ou seus representantes e foi transmitida ao vivo pelo Youtube.
Como já se desenhava desde o princípio do ano, a atual gestão sofreu uma derrota expressiva, a péssima administração implantada pelo atual Reitor desde que assumiu foi rejeitada pelo baixo número de votos que seu candidato recebeu. Como anunciado aqui, minutos depois da apuração do dia 22 de novembro, o candidato do Reitor atual obteve apenas 28,69% dos votos, enquanto a chapa vencedora obteve 47,32% e a terceira chapa ficou com 23,99%. Ou seja, 71,31% dos eleitores disseram não a atual gestão.
Na onda da “dor de cotovelo”, característica dos que perdem uma eleição, a chapa da situação, parece que não conseguiu digerir o “NÃO” que receberam, para surpresa geral, entraram com um pedido de auditoria no sistema de votação. Passaram a desconfiar daquilo que eles mesmos sugeriram e demonstraram que era totalmente seguro.
Ora, seria cômica esta situação, porém, tal fato é uma demonstração de desrespeito para com os Servidores envolvidos no processo. Uma demonstração de desespero, insanidade e porque não dizer de burrice, de gestores que deram provas de uma capacidade administrativa que deixou a desejar durante três anos e meio e que de forma indireta, ouviram isto da Comunidade Universitária através do voto.
Vale lembrar que o sistema eletrônico de votação utilizado foi o Helios Voting, um sistema com segurança criptográfica que já é utilizado em universidades brasileiras de grande porte, tais como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Agora, o que se espera é que o Colégio Eleitoral, formado pelos membros dos três Conselhos Superiores (Conselho Universitário - CUNI, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, CEPE e Conselho de Curadores) “respeite” a vontade da Comunidade Universitária, demonstrada na consulta pública para a escolha de reitor e vice (consulta esta que ocorre desde a transformação da Escola Superior de Agricultura de Lavras - Esal em Universidade Federal de Lavras - UFLA) e siga os trâmites legais para a elaboração da lista tríplice.
Diga-se de passagem, o Colégio Eleitoral foi convocado para uma reunião extraordinária que ocorrerá nesta quarta feira, dia 6 de dezembro, onde, espera-se, pela Comunidade Universitária e porque não dizer pela Comunidade Lavrense, nada de anormal aconteça. Que prevaleça a democracia e a legalidade.
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