Ontem terminou oficialmente a gestão do João Chrysostomo de Resende Júnior na Universidade Federal de Lavras. O João finalizou uma gestão de muitas polêmicas e poucas (e contraditórias) conquistas. A gestão também finaliza sem lograr êxito nos dois maiores desafios da gestão 2020-2024: entregar em pleno funcionamento o hospital universitário e o parque tecnológico.
Sobre o primeiro, o João anunciou nas últimas semanas da sua gestão uma suposta grande conquista: “passar a responsabilidade pelo término da obra do hospital para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH)”. A EBSERH é uma empresa estatal que administra os hospitais das universidades. Como a gestão 2020-2024 não foi capaz de terminar a obra, ele passou o desafio (ou a bucha como ele gosta de dizer) para a EBSERH.
Sobre o Parque Tecnológico, a gestão 2020-2024 recebeu a obra pronta e gastou quase 4 anos para conseguir a licença do corpo de bombeiros. Sim, o legado da gestão 2020-2024 para a maior obra da UFLA foi conseguir a licença do corpo de bombeiros. O prédio do parque tecnológico segue sendo subutilizado. A piada de corredor na UFLA sobre o parque tecnológico é: “80% do parque tecnológico está desocupado, e 80% da área ocupada está sendo utilizada pelo almoxarifado”. Os dados dessa piada de corredor com certeza não são exatos, mas acredito que são muito próximos da realidade e, com certeza, refletem a decepção da comunidade Universitária com essa gestão que terminou.
Entre as polêmicas da gestão 2020-2024 está a nomeação de um professor que é engenheiro florestal para assumir a biblioteca, a construção de um laboratório com produtos químicos inflamáveis ao lado do datacenter da UFLA, a demissão de dezenas de terceirizados e, as consequências dessas demissões como a sobrecarga de trabalho para os terceirizados que ficaram e a precarização da qualidade do serviço para a comunidade universitária, uma campanha eleitoral do grupo político fundamentada em acusações sem apresentar provas, uma mudança na estrutura organizacional da UFLA sem nenhum planejamento e com pouca capacitação.
Contudo, é impossível falar de polêmicas na gestão 2020-2024 sem citar a FUNDECC. O João, em uma reunião do conselho universitário, que está gravada e disponível no canal do youtube oficial da UFLA, disse, sem apresentar provas, que havia indícios de irregularidades cometidas por servidores públicos e que a Fundação estava falida.
Poucos meses depois uma comissão formada por 3 pessoas que ocupam cargos comissionados indicados pelo reitor, que foi presidida pelo seu braço direito, analisou as contas da fundação e chegou à conclusão de que não havia irregularidades e que a fundação não estava falida.
Ora, eu só posso concluir que, ou o João se equivocou no CUNI ou a comissão apresentou um relatório que não corresponde à realidade.
Eu não tenho como saber quem está certo: o ex-reitor ou a comissão nomeada por ele.
Outra polêmica na FUNDECC foi a mudança no regimento para ampliar o mandato da atual direção da fundação. É isso mesmo, o estatuto da FUNDECC foi alterado e uma das alterações é a ampliação do mandato da atual direção em mais 2 anos.
Guardadas as devidas proporções, a título de exemplo, seria como se o presidente Lula aprovasse uma nova constituição federal que ampliasse o seu mandato em mais 2 anos. O correto (ou republicano) seria que a eventual ampliação do mandato fosse aplicada na próxima direção da FUNDECC, não na atual gestão.
Também precisamos lembrar do anúncio do reitor nas redes sociais que ele utilizava um perfil FAKE para criticar o presidente Bolsonaro. Eu fico imaginando, como pode uma coisa dessas, o homem que ocupa o cargo máximo de uma instituição centenária e de excelência como a UFLA, gastar o seu tempo em rede social com perfil FAKE falando mal de político.
Também precisamos falar dos debates públicos em rede social do João com um jornalista da cidade que tem um programa na rádio cultura. É um tanto quanto polêmico um reitor da UFLA perder tempo com isso.
Também é preciso citar que algumas pessoas que estiveram em cargos de protagonismo na gestão 2020-2024, incluindo o próprio reitor, estão, como tem sido dito nos grupos de WhatsApp de professores da UFLA: “abandonando o barco” nesse final de gestão.
O reitor irá fazer estágio de pós-doutorado na UFMG, um de seus pró-reitores fará o mesmo. Alguns dos fiéis apoiadores do João já pediram exoneração do cargo comissionado para trocar de setor e outros já pediram até transferência para trabalhar em Brasília.
Não podemos esquecer de citar as parcerias feitas pela UFLA com universidades do exterior. A ideologização da Diretoria de Relações Internacionais é um marco da gestão 2020-2024. Enquanto no passado a UFLA fazia parcerias com universidades de ponta dos países democráticos da Europa e da América do Norte, o atual reitor escolheu fazer parcerias com universidades de países não democráticos e comunistas como China e Cuba. Temos literalmente o reitor colocando suas preferências ideológicas nas relações internacionais da UFLA.
Sobre as poucas (e contraditórias) conquistas anunciadas pelo João tem os já citados: “passar a obra do hospital universitário para EBSERH” e “conseguir a autorização do corpo de bombeiros para o Parque Tecnológico”, além de mudar a estrutura da UFLA “a toque de caixa” como era dito nos corredores, e colocar um laboratório com produtos inflamáveis ao lado do Datacenter.
Mas sem dúvida, as conquistas mais polêmicas são as inaugurações de obras da gestão 2020-2024. O João teve coragem de espalhar essas placas de metal para anunciar que inaugurou um ponto de carona de bambu que já estava pronto a quase dois anos, e “vias de acesso” que não foram totalmente concluídas. Imagina se cada rua da cidade de Lavras tivesse uma placa de metal com o nome do prefeito que a construiu?
Contudo, para a felicidade de mais 70% da comunidade acadêmica que escolheu na consulta à comunidade não dar continuidade à gestão 2020-2024, amanhã começa de fato a gestão 2024-2028.
Um comentário:
A Rainha conseguiu ficar mais dois anos junto com a sua vice...
É lamentável que o ego e a busca pelo poder possa prejudicar tantos funcionários.
Uma gestão cheia de assédio moral e falsas promessas...
Querem ficar mais dois anos para engordar os seus bolsos.
Espero que o reitor consiga derrubar esse novo estatuto o qual foi um grande golpe.
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