segunda-feira, 23 de abril de 2018

MEDALHA DA INCONFIDÊNCIA

Neste ano, a cerimônia realizada no Centro de Artes e Convenções da UFOP contou com 170 agraciados

O esforço diário para desenvolver e tornar Minas Gerais um Estado cada vez melhor. Esse foi o sentimento relatado pelos agraciados na Medalha da Inconfidência, realizada neste sábado, 21, em Ouro Preto. 

Durante a solenidade, foram entregues comendas – a maior honraria concedida pelo Estado de Minas Gerais – a 170 personalidades e instituições que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil.

Dentre os agraciados com a Grande Medalha, destaque para a vereadora do Rio de Janeiro e ativista dos direitos humanos Marielle Franco, que recebeu a comenda in-memoriam. 

A entrega da honraria foi feita à sua companheira Mônica Tereza Benício, que destacou a presença das causas sociais levantadas diariamente pela vereadora, assassinada a tiros no mês de março na capital fluminense.

O Prêmio Nobel da Paz de 1980 e também ativista dos direitos humanos, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, apesar de não ter comparecido, também foi homenageado pela sua contribuição ao mundo. Em 1974, na cidade de Medellin, na Colômbia, o argentino coordenou a fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina, junto com bispos, teólogos, militantes, líderes comunitários e sindicalistas. Ainda atuou no enfrentamento a crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários praticados pelas ditaduras militares por toda a América Latina. Por essa atividade, Esquivel recebeu o Nobel da Paz de 1980.

Quem também destacou a importância de ser construir legados para evolução do mundo foi o ex-ministro Renato Janine Ribeiro, agraciado com a Grande Medalha. “Recebo com muita alegria essa homenagem de um governo que é popular. Eu entendo que receber essa medalha é também um reconhecimento à importância da educação. Apesar de o Brasil viver hoje uma crise muito séria do pondo de vista político, ético, social, neste momento ter na educação seu exemplo, pode ser um dos bons motivos para a gente sair disso”, reforçou.

A pequena Esthéfany Rodrigues Ribeiro (10 anos) entendeu a importância de receber a honraria. Em fevereiro, ela sofreu um acidente com um grupo de alunos a caminho da escola em São João Batista do Glória, Território Sul, quanto a Kombi que transportava os estudantes caiu em um barranco. Todas as vítimas foram resgatadas graças ao ato heroico dela e de sua colega Ana Clara Garcia de Oliveira, de 15 anos, também homenageada. “Foi um dia muito triste, mas hoje eu estou feliz por ser lembrada e ganhar até uma medalha”, disse, emocionada.

Quem também acredita que o trabalho em prol do ser humano pode melhorar Minas Gerais é o representante do Cárita Brasileiro, Regional Minas Gerais, Rodrigo Pires Vieira. A instituição internacional, ligada às dioceses da Igreja Católica, tem como propósito ajudar as pessoas mais pobres, dando a elas dignidade. 

Com 67 anos de estudos somente na área eleitoral, Eleonora Fernandes Rennó, conta que está aposentada do Tribunal Regional Eleitoral, mas que a cada ano sente o peso e a importância da democracia para Minas Gerais e para o país.  

O prefeito de Ouro Preto, Julio Pimenta, relembrou a importância histórica e democrática de cidade, destacada na data de hoje. 

Social
Artesã há mais de 70 anos, Dona Cecília Matias do Carmo Ferreira, natural de Ouro Preto, se emocionou ao receber a medalha. “Com essas mãos eu trabalho há muitos desses meus 80 anos. Crochê, eu comecei com 8 anos de idade. Passei meu ofício para varias gerações.Estou e fiquei muito emocionada pelo reconhecimento de Minas Gerais pelo meu trabalho. Apesar de já estar com 80 anos, eu espero ganhar outros prêmios como esse”, afirmou.

O cantor Mauricio Tizumba disse se sentir honrado com a homenagem. “Para mim, essa medalha é um ato de alegria, de reconhecimento do meu trabalho em prol da cultura afro, e por isso eu me sinto super honrado, alegre e feliz, mas certo de que há muito o que mudar em favor do povo mineiro e dos brasileiros. Hoje estamos aqui por conta de Tiradentes, um grande herói”, reforçou.

Ofélia de Lourdes de Hilário, conselheira da Associação Afro Cultural de Betim CorBrasil, fez da homenagem a continuidade da sua luta diária contra o preconceito e divulgação da cultura afro. 

Para Túlio Madureira da Silva, produtor de queijo artesanal do Serro, o agraciamento com a Medalha Grau Inconfidência é o reconhecimento do seu trabalho e do setor. 

Cerimônia
Criada em 1952 pelo governador Juscelino Kubitscheck, a Medalha da Inconfidência possui quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.  Foram 40 agraciados com a Grande Medalha, 58 com a Medalha de Honra e 72 com a Medalha da Inconfidência. 

De acordo com a Constituição do Estado, o governador Fernando Pimentel baixou decreto transferindo simbolicamente a capital de Minas Gerais para Ouro Preto. A cidade foi a capital mineira de 1823 até 1897.

Neste ano, atendendo aos pedidos da população e para minimizar os impactos na rotina da comunidade local, como, por exemplo, o fechamento de vias importantes da cidade, o Governo de Minas Gerais realizou a solenidade em dois momentos distintos.

A entrega da Medalha da Inconfidência, que exige mais estrutura e tem maior impacto no dia a dia dos ouro-pretanos, ocorreu no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Com a mudança, a cerimônia durou, entre preparativos e solenidade, menos de 24 horas. Em anos anteriores, o local chegou a ficar fechado por mais de 10 dias.

A demanda partiu de lideranças políticas, comerciantes e moradores, afetados pela realização do evento, e foi encaminhada ao governo por meio de ofício. A manutenção, no entanto, de parte da solenidade na Praça visa preservar as tradições da entrega da maior honraria concedida pelo Estado de Minas Gerais.

Na Praça Tiradentes, o governador  foi recebido com honras militares. Em seguida, colocou flores no monumento a Tiradentes e recebeu o fogo simbólico, fazendo o acendimento da Pira da Liberdade. Houve também salva de 21 tiros. O hino nacional do Brasil foi executado pela Banda de Música da Polícia Militar de Minas Gerais. 

Na sequência, Fernando Pimentel seguiu para o Centro de Artes e Convenções da UFOP, acompanhado por crianças das escolas municipais de Ouro Preto e Rio Doce, onde entregou a Medalha da Inconfidência.

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