quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

PESQUISA DE DOUTORADO TESTOU O USO DE INDUTORES DE RESISTÊNCIA EM CAFEEIRO

Resultados mostraram que a alternativa evita perdas na lavoura, e é economicamente viável ao produtor

Descobrir alternativas inovadoras e sustentáveis para o manejo de doenças do cafeeiro, esse é um dos objetivos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT do Café) da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Entre as pesquisas realizadas, está a da doutora Joyce Goulart sobre a utilização de indução de resistência em lavouras cafeeiras. 

A pesquisadora explica que os indutores são produtos que ativam os mecanismos de defesa da planta contra diversos patógenos e agem como se fossem uma espécie de vacina formando barreiras físicas ou químicas.

As doses, economicamente viáveis, devem ser realizadas periodicamente - cerca de três aplicações por ano sempre junto aos fungicidas. 

Doutora Joyce Goulart e professor Mário Lúcio Vilela de Resende coordenador do INCT

“Como esses produtos tem um modo de translocação diferente, eles ajudam a evitar perdas na lavoura e ter uma produtividade de até 10% a mais de sacas em relação ao controle tradicional tornando a tecnologia relativamente barata, que cabe no bolso do produtor”, destaca o professor Mário Lúcio Vilela de Resende, coordenador do Instituto e orientador da pesquisa. Joyce completa “observamos que essa tecnologia, além de ajudar no controle das doenças, deixou as plantas mais vigorosas e possibilitou um incremento na produtividade da lavoura. ”

Na pesquisa, os indutores são aplicados em associação aos fungicidas, em cultivares suscetíveis à ferrugem e cercosporiose, doenças do cafeeiro que podem causar grandes prejuízos ao produtor. “Os indutores são aplicados geralmente quando as plantas entram em produção e passam por um desequilíbrio hormonal, tornando-se mais sensíveis a essas doenças”, relata Mário Lúcio.

Hoje, para combater a ferrugem e a cercosporiose os produtores utilizam o controle químico baseado em aplicações de fungicidas. O indutor então poderia ser um acréscimo a essas aplicações. “Queremos usar uma tecnologia mais limpa junto a fungicidas, para ter melhor controle das doenças do cafeeiro tanto no café arábica quanto no canephora”, diz o professor.

No experimento, foi avaliado o efeito dos indutores de resistência em plantas em campo, casa de vegetação e câmara de crescimento. 

A pesquisadora utilizou como indutores fontes de fosfonatos, formulação à base de cobre, e à base de subprodutos da lavoura cafeeira que foram aplicados por meio de pulverização foliar tanto de forma isolada quanto junto à fungicidas. 

“Esses produtos se deslocam pelo floema, ou seja, circulam pelas folhas da base do cafeeiro, e conseguem limpar as doenças das folhas baixeiras, sendo assim, chegam onde os fungicidas não conseguem”, conclui.

Histórico
O uso de indutores de resistência em plantas já não é novidade, sendo que o primeiro indutor comercial de resistência surgiu em 1997 e culturas como a da soja, do tomate e do feijão, por exemplo, já utilizam o método.

Essa linha de pesquisa tem sido desenvolvida no INCT do Café há mais de 10 anos. O Instituto foi criado na UFLA em 2008, por iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

com Karina Mascarenhas - da assessoria da UFLA

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