Evento com abrangência nacional luta pela Segurança Alimentar e Nutricional. Em Lavras, movimento também propõe a criação de um banco de alimentos
O movimento por uma alimentação saudável e sustentável em Lavras, no Sul de Minas, foi marcado pela passagem de mais de 360 pessoas na Praça Dr. Augusto Silva, na região central da cidade, nesta quarta-feira, 27, durante um "banquetaço".
O evento na cidade foi organizado na cidade pelo Coletivo de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Lavras (SANS Lavras) contra a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), instância que permite a participação direta da sociedade civil para formulação de políticas públicas voltadas à alimentação.
O Movimento em Defesa da Boa Alimentação de Lavras recebeu diversas doações de alimentos e quitandas dos agricultores familiares das feiras que acontecem às sextas-feiras (Mercado Municipal) e terças-feiras (Praça Dr. Jorge).
Com as doações, o cardápio do evento foi elaborado por 1 chefe de cozinha, nutricionistas e cozinheiros voluntários e havia diversos pratos saudáveis, suco natural, além de água fornecida pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Um grupo de maracatu fez uma apresentação durante o evento.
O público presente também recebeu informações sobre a importância dos alimentos provenientes do trabalho do pequeno agricultor. Também foi distribuído exemplares do livro em cordel "Cidadania no papel - Segurança Alimentar e Nutricional".
Cerca de 20 pessoas do Departamento de Nutrição (DNU) da UFLA estiveram no local, entre professores, técnicos-administrativos e estudantes. Colaboradores de outras áreas da universidade também contribuíram.
A criação de um banco de alimentos, em Lavras, também faz parte da agenda do movimento no município. Com este banco, que poderá ser mantido com a colaboração de empresários, instituições e doações da sociedade civil, poderão ser atendidas às necessidades das famílias em vulnerabilidade socioeconômica cadastradas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social.
Os organizadores avaliaram como extremamente positiva a repercussão do evento na cidade e se surpreenderam com o interesse da população ao tomarem conhecimento sobre as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC's). Muitas pessoas até conheciam algumas espécies, mas não sabiam que elas podem ser utilizadas na alimentação e de forma saudável.
A nutricionista Monique Inácio, que atualmente cursa mestrado na UFLA, participou da ação e, em entrevista para o Portal da UFLA, considerou como positiva a receptividade do público. “Eles estão abraçando a causa, porque compreendem a importância da alimentação adequada e sabem da extensão da população carente no município, que precisa se beneficiar com a boa alimentação e as orientações nutricionais”, disse ela.
Para o professor do curso de Nutrição da UFLA, Michel Cardozo de Angelis Pereira, os alimentos provenientes do trabalho do pequeno agricultor tem um papel cultural, social, econômico e nutricional para uma alimentação saudável e sustentável, com redução na carga de agrotóxicos ou orgânica.
“É a melhor alternativa ao consumo de alimentos ultra processados (industrializados)”, explica ele em entrevista para o Portal UFLA.
São apoiadores desta iniciativa o Coletivo de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Lavras (SANS Lavras), Departamento de Nutrição (DNU) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER) e as secretarias municipais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Secretaria de Desenvolvimento Social.
O Conselho
O Consea foi criado em 1994, na época do governo Itamar Franco, a partir de demandas da sociedade civil, com o objetivo de ajudar na formulação e o monitoramento de políticas relacionadas à saúde, alimentação e nutrição. O papel era o de ser o canal de diálogo entre a sociedade civil e a Presidência da República.
O principal movimento que deu origem ao conselho, chamado Ética na Política, era liderado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e da Ação da Cidadania.
A Medida Provisária (MP) 870, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, reestruturou os ministérios e colocou entre as competências do Ministério da Cidadania a responsabilidade pela política nacional de segurança alimentar e nutricional. As competências desta pauta da sociedade civil, até então, pertencia ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que era um órgão de assessoramento imediato ao presidente da República e que acabou sendo extinto.
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