
No Brasil inteiro, principalmente nesta ocasião de turbulência financeira, milhares de lares recebem um grande número de pessoas nos finais de semana, por um único motivo: "bater laje". Solidariedade de amigos e vizinhos que ajuda famílias a construírem, reformarem e ampliarem suas moradias. Em Carmo da Cachoeira, o movimento na Rua Presidente Antônio Carlos começou muito cedo no último sábado, 21. O casal Antônio, de 45 anos, funileiro e Clarice, de 39, dona de casa, conseguiram, com a ajuda de "irmãos de fé", amigos e vizinhos, "bater" a laje da casa deles. Antônio, de cabelo cortado bem rente e de falar direto, sem titubeio, e Clarice, morena sorridente que está agora de cabelos presos, moram naquele local há dez anos com mais cinco filhos. A residência simples, ainda de cimento aparente, acabou pequena. Carla, a filha mais velha já está com quinze anos. Antônio começou a construir, então, por sua própria conta, a parte de cima da casa, para transformá-la num sobrado. "Bater" a laje ali, isto é, preencher a laje com concreto, colocando um "tampo" na casa, foi uma das etapas finais para a conclusão do futuro sobrado. Foi para finalizar essa tarefa que a família precisou da ajuda daqueles que os cercam, porque, sem ela, o objetivo provavelmente não seria alcançado. Antônio não dispunha de recursos para bancar sozinho o trabalho de bater sua laje, que tem 110 metros quadrados (5 x 22 metros). Empreitar todo o serviço para a laje chegaria fácil a 1.600 reais, mais que o dobro do salário de Antônio.
As pessoas foram chegando e aqueles que ali estiveram não receberam nenhuma paga pelo trabalho. A não ser a garantia de que no final, depois de uma jornada de trabalho pesado e contínuo que levou muitas horas – desde o início da manhã até o meio da tarde do sábado -, os donos da casa lhes serviram uns comes e bebes. Bater laje, não é somente trabalho e solidariedade, também é sinônimo de churrasco e feijoada, os líderes da audiência da culinária nacional. Homens de variadas profissões se reuniram em um mesmo ato de solidariedade.
O sistema de mutirão permitiu que o funileiro de Carmo da Cachoeira economizasse cerca de 850 reais para bater a laje de sua casa, o mesmo valor que ele recebe de salário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário