sábado, 28 de fevereiro de 2009

"BATER LAJE": MUTIRÃO DE SOLIDARIEDADE MOBILIZA COMUNIDADES NOS FINAIS DE SEMANA

Vizinhos e amigos se reúnem para "bater" laje no fim de semana. Economia foi de 850 reais


No Brasil inteiro, principalmente nesta ocasião de turbulência financeira, milhares de lares recebem um grande número de pessoas nos finais de semana, por um único motivo: "bater laje". Solidariedade de amigos e vizinhos que ajuda famílias a construírem, reformarem e ampliarem suas moradias. Em Carmo da Cachoeira, o movimento na Rua Presidente Antônio Carlos começou muito cedo no último sábado, 21. O casal Antônio, de 45 anos, funileiro e Clarice, de 39, dona de casa, conseguiram, com a ajuda de "irmãos de fé", amigos e vizinhos, "bater" a laje da casa deles. Antônio, de cabelo cortado bem rente e de falar direto, sem titubeio, e Clarice, morena sorridente que está agora de cabelos presos, moram naquele local há dez anos com mais cinco filhos. A residência simples, ainda de cimento aparente, acabou pequena. Carla, a filha mais velha já está com quinze anos. Antônio começou a construir, então, por sua própria conta, a parte de cima da casa, para transformá-la num sobrado. "Bater" a laje ali, isto é, preencher a laje com concreto, colocando um "tampo" na casa, foi uma das etapas finais para a conclusão do futuro sobrado. Foi para finalizar essa tarefa que a família precisou da ajuda daqueles que os cercam, porque, sem ela, o objetivo provavelmente não seria alcançado. Antônio não dispunha de recursos para bancar sozinho o trabalho de bater sua laje, que tem 110 metros quadrados (5 x 22 metros). Empreitar todo o serviço para a laje chegaria fácil a 1.600 reais, mais que o dobro do salário de Antônio.

As pessoas foram chegando e aqueles que ali estiveram não receberam nenhuma paga pelo trabalho. A não ser a garantia de que no final, depois de uma jornada de trabalho pesado e contínuo que levou muitas horas – desde o início da manhã até o meio da tarde do sábado -, os donos da casa lhes serviram uns comes e bebes. Bater laje, não é somente trabalho e solidariedade, também é sinônimo de churrasco e feijoada, os líderes da audiência da culinária nacional. Homens de variadas profissões se reuniram em um mesmo ato de solidariedade.

O sistema de mutirão permitiu que o funileiro de Carmo da Cachoeira economizasse cerca de 850 reais para bater a laje de sua casa, o mesmo valor que ele recebe de salário.

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