Um desrespeito ao eleitor brasileiro. Foi dessa forma que o deputado Duarte Nogueira (SP) classificou o vale-tudo eleitoral praticado pelo presidente Lula e pela sua candidata à sucessão, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), em eventos de Norte a Sul do país. Nos últimos quatro meses, a petista participou de 46 atos públicos que serviram de palanque para apresentá-la como potencial substituta de Lula. Isso significa uma média de 11 eventos por mês, a maioria deles com direito a discursos, fotos com aliados, platéia e contato direto com a população. Segundo Duarte, o Palácio do Planalto tenta, de forma ilegal, alavancar o nome da petista. “Trata-se de uma tentativa exagerada de transformar uma figura pública sem consistência e sem trajetória administrativa em uma candidata viável. “É incrível o desrespeito ao cidadão brasileiro. Eles abusam da propaganda eleitoral antecipada. E pior: tudo feito com dinheiro do contribuinte”, completou.
As andanças de Dilma em companhia do presidente foram objeto de nove representações da oposição no TSE nos últimos doze meses. Três foram rejeitadas, uma acabou extinta e as demais ainda não foram julgadas. Somente em janeiro último, o PSDB e demais siglas oposicionistas (DEM e PPS) entraram com duas ações na Justiça Eleitoral por conta de propaganda eleitoral antecipada. No último dia 26 de janeiro, o PSDB questionou no TSE um discurso de Lula, feito quatro dias antes, durante inauguração da sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados em São Paulo. Na ocasião, o petista exaltou Dilma e insinuou que “a cara do Brasil ainda vai mudar muito com a pessoa que irá sucedê-lo no comando”. Além disso, instou os presentes a adivinhar quem seria.
No dia 20, a oposição já tinha protocolado ação também por propaganda fora de época, desta vez referente a uma inauguração de parte das obras de transposição do São Francisco, em Buritizeiro (MG), onde a “dupla“ também esteve presente. A primeira das ações, no entanto, foi protocolada há um ano após a participação de Lula e Dilma no Encontro Nacional de Prefeitos, em Brasília. Em clima pré-eleitoral, uma empresa goiana tirava fotos de centenas de prefeitos em uma montagem em que o presidente e a ministra eram destaque. Esse processo, porém, foi arquivado pelo TSE em maio de 2009. Em outras quatro representações, a oposição cobra punição ao PT e ao presidente por conta de irregularidades na propaganda político-partidária. De acordo com Duarte, o principal erro do PT é acreditar que a população não percebe as transgressões. “O eleitor está percebendo que eles estão usando instrumentos ilegais para chegar ao poder. E quem aposta na ilegalidade agora certamente o fará caso alcance a Presidência”, alertou o deputado.
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