quarta-feira, 5 de setembro de 2018

COMO NASCE UM ATLETA OLÍMPICO?

O professor Raoni Perrucci Toledo Machado é o coordenador do Grupo de Estudos Olímpicos da UFLA

Você já parou para pensar o que fez o velocista jamaicano Usain Bolt, a tenista norte-americana Serena Williams, o ginasta brasileiro Arthur Zanetti e tantos outros esportistas chegarem ao pódio olímpico? Atletas olímpicos são considerados deuses do esporte. E não é por menos. Eles chegam ao limite do corpo na busca do alto desempenho e do nome eternizado na história.

Segundo o coordenador do Grupo de Estudos Olímpicos da Universidades Federal de Lavras (UFLA), professor do Departamento de Educação Física (DEF) Raoni Perrucci Toledo Machado, desde as raízes históricas do olimpismo na Grécia antiga até os dias de hoje, o esporte é um fenômeno sócio cultural diretamente relacionado ao tempo. Na antiguidade, os relatos demonstram que as pessoas eram movidas pela glória.

“Desde o século XX, um apanhado de histórias de vida, origens sociais e culturais dos atletas revelaram que alguns deles tiveram acesso a bons clubes desde criança, o incentivo do professor de educação física foi essencial para outros e há, por exemplo, no caso dos velejadores, quem conseguiu bons resultados porque tinha acesso a barcos”, conta.

Embora o caminho para se chegar às medalhas seja complexo, o professor do DEF explica que o esportista precisa ter, pelo menos, acesso a um clube que o inicie na modalidade esportista de maior nível de competitividade. “Se ninguém teve acesso a um arco e flecha, não é possível saber se haveria medalhista olímpico na modalidade. É preciso dar condições para o salto entre a prática esportiva prazerosa e a competitiva de alto rendimento”, ressalta.

Brasil
O Brasil, infelizmente, está na posição oposta aos países líderes dos rankings de medalhas em Jogos Olímpicos.  O baixo desempenho dos atletas olímpicos brasileiros acontece independente do país ser uma das 10 maiores economias do planeta. Para um país continental e populoso, o Brasil não desponta com chances de fazer uma campanha sólida e sonhar com muitos pódios em Campeonatos Mundiais e nos Jogos Olímpicos, exceto pelo alto rendimento de talentos individuais. “O modelo esportivo brasileiro é de sorte”, afirma Raoni Perrucci Toledo Machado.

É que, tradicionalmente, o país aposta no modelo piramidal cuja base seria a introdução do jovem no esporte por meio da educação física escolar. Na sequência, o atleta partiria para o segundo nível (clubes), seguido do terceiro nível (profissional) e o quarto (elite internacional esportiva).

O erro brasileiro é contabilizado no baixo quadro de medalhas. “Se esse modelo fosse verdadeiro, países com maior número populacional conseguiriam as maiores quantidades de medalhas. No entanto, países com populações pequenas como Cuba, França, Alemanha e Inglaterra chegam às finais dos Jogos Olímpicos”, frisa.

No caso do futebol profissional, os resultados brasileiros são satisfatórios à medida que a modalidade esportiva causa grande empatia no mundo inteiro. “Desde a década de 1920, o futebol está muito na mídia e as pessoas procuram o esporte por inércia. Como muita gente joga futebol no Brasil, saem bons jogadores, embora pequemos na especialização desse modelo”, explica.

Medalhistas
Nações que prezam pela qualidade de vida, com elevado nível de educação, e investem pesado na formação de atletas têm mais chances de conquistar medalhas em Jogos Olímpicos. O incentivo dos jovens também tem papel importante na formação de ícones esportivos.

Um dos casos mais cativantes foi o da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, com o lema “Inspirando uma geração”. “Todas as ações de marketing e educativas trabalharam o legado olímpico direcionado à comunidade escolar da Inglaterra. Muitas crianças participaram da abertura no intuito de aproximá-las do ambiente esportivo”, disse o professor da DEF, Raoni Perrucci Toledo Machado.

Criado nos Jogos de 1924 em Paris, na França, o slogan olímpico surgiu para transmitir a mensagem positiva do esporte e do espírito olímpico entre as nações.

por Pollyanna Dias - da assessoria da UFLA

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