terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

DETENTOS DA APAC DE CAMPO BELO REPARAM ESCOLA

Comunidade reconhece a importância do trabalho dos recuperandos
Corrimãos das passarelas de acesso são lixados por reeducando: trabalho reduz pena

Os detentos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) da comarca de Campo Belo, no Sul de Minas, trabalham na reforma da Escola Municipal Vereador José Alvarenga. A parceria foi uma iniciativa da diretora da escola, Stella Maris, que solicitou apoio ao juiz da Vara de Execução Penal da Comarca de Campo Belo, Leonardo Guimarães Moreira.

 A escola, inaugurada há 14 anos, nunca havia passado por reparos ou manutenção. Depois de fazer um orçamento para a prestação dos serviços, cerca de R$ 25 mil, e sem recursos financeiros, a diretora apresentou o projeto ao juiz, que deu andamento à seleção dos trabalhadores.

Foram escolhidos 10 recuperandos, nove do regime fechado e um do regime semiaberto. Assim, os detentos deram início ao trabalho de pintura, manutenção e limpeza dos jardins no dia 16 de janeiro. De acordo com a Lei de Execução Penal, a cada três dias de trabalho, o detento reduz um dia da pena.

“Nós conseguimos encaixar a participação da comunidade com o envolvimento dos recuperandos do sistema Apac. Com essa parceria, mostramos para a comunidade o valor dessas pessoas. Elas são úteis e produtivas e estão dando mais um passo para mudar suas vidas para melhor”, afirma o juiz.

O magistrado também disse que o projeto será estendido a outras escolas públicas, municipais e estaduais, de Campo Belo, que estão precisando de manutenção.

Recuperando faz desenho para alegrar ambiente de alunos de escola com vários níveis de ensino 

A diretora disse que o mais gratificante é ver a alegria dos recuperandos na realização do trabalho. “A escola tem um fluxo muito grande de alunos, tanto no período matutino quanto no vespertino e, à noite, recebe alunos de uma faculdade. Sem essa parceria, seria o início de mais um ano com paredes sujas, portas e fechaduras estragadas. Mas, com os detentos da Apac, estamos conseguindo realizar todo esse trabalho sem nenhum custo de mão de obra”, comemora.

Retorno
“É uma honra realizar esse trabalho, para mim é muito gratificante. Eu levava uma vida antes e agora posso ser útil para a sociedade e para o bem”, afirma Fabiano Reis.

Já para Márcio Reis Peixoto, “poder sair da cela e fazer um trabalho que vai ajudar outras pessoas, me deixa muito feliz. Ainda existem pessoas que acreditam na gente, na nossa recuperação, e isso é muito importante”, diz Márcio Reis Peixoto.

“A pintura na escola onde minha irmã é um presente para mim. Ela não aprovava a vida que eu levava e, com esse trabalho na escola, posso deixar uma coisa boa para ela e mostrar o tanto que eu me importo com ela”, ressalta Matheus de Paula Rodrigues.

O juiz explica que os recuperandos foram selecionados não só pelo bom comportamento, mas principalmente porque eles assimilaram os princípios do método Apac. 

“A parceria com a escola desenvolve a solidariedade e o respeito e resulta no envolvimento de todos em busca da ressocialização. Os recuperandos estão realmente engajados, o que vai contribuir de forma decisiva para o retorno ao convívio social, assim que terminarem o cumprimento das suas penas. É um trabalho que, sem dúvida, ajuda a escola e também na autoestima dos internos”, diz.

Atualmente com 79 presos, a Apac funciona em Campo Belo desde 2005 e consiste em um modelo mais humanizado de cumprimento de pena. Apenas 15% dos atendidos pelo sistema voltam ao mundo do crime. Com o trabalho voltado para a comunidade, os internos estão com a agenda cheia em todo o ano de 2019 para a realização de outros projetos como esse.

com assessoria do TJMG

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