sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

EM VOTAÇÃO, COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA DEMONSTRA CONFIANÇA NO MODELO DE GESTÃO VIGENTE

Em um cenário desafiador, próxima gestão da UFLA terá como desafio a continuidade de grandes obras e projetos, manutenção operacional e da qualidade no ensino, pesquisa e extensão

Em uma quinta-feira agitada no campus da UFLA, votação para a consulta informal à comunidade teve início às 08h e se estendeu até às 22h. Enquanto isso, pela manhã a instituição recebeu a visita do governador do Estado Romeu Zema, que iniciou a agenda no Sul de Minas pela UFLA, onde visitou as instalações da Universidade Federal de Lavras (UFLA), além de conhecer as obras do Parque Científico e Tecnológico da instituição, que recebeu R$ 1,2 milhão do Governo de Minas para o projeto arquitetônico. 

O parque, que deve ser inaugurado em março de 2020, contará com uma estrutura para abrigar centros de pesquisa e desenvolvimento de empresas-âncora. Também abrigará empresas em processo de incubação e empresas juniores, entre outras que se qualifiquem em seus processos para implantação.

“Fiquei impressionado com a infraestrutura do campus, que possui uma gestão profissionalizada e com práticas de excelência”, destacou Romeu Zema, que também visitou, ao lado do reitor José Roberto Scolforo, o InovaCafé, um centro de pesquisa dedicado à cafeicultura.

Já no final do dia, encerrada a votação, em uma demonstração de confiança com os rumos da atual gestão, a comunidade universitária da Universidade Federal de Lavras (UFLA) escolheu, em consulta pública para os cargos de reitor e vice, a Chapa 2, encabeçada pelo atual pró-reitor de Planejamento e Gestão João Chrysostomo de Resende Júnior (reitor) e pelo atual reitor professor José Roberto Soares Scolforo (vice).

De acordo com o resultado apurado, a Chapa 2 venceu por 59,89% dos votos (381 votos de professores, 243 de técnicos administrativos e 1.582 de estudantes) contra 22,56% dos votos (116 votos de professores, 118 de técnicos administrativos e 439 de estudantes) da Chapa 1 encabeçada pela professora Fátima Moreira e pelo professor Júlio Louzada e contra 17,55% dos votos para a Chapa 3 encabeçada pelo professor André Vital Saúde e pelo professor Giovanni Francisco Rabelo.


O resultado final e a homologação será feita no próximo dia 13, após os trâmites de encerramento do processo. Após a consulta informal realizada ontem, o Colégio Eleitoral, que é formado pelos três Conselhos Superiores da universidade (Conselho Universitário - CUNI, de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE e de Curadores - CCUR), fará uma lista tríplice que será enviada ao Ministério da Educação (MEC).

Um ano desafiador
2019 foi um ano de desafios para os diferentes das instituições federais de ensino superior (IFES) do Brasil. Para o professor José Roberto Scolforo os desafios foram quase em dobro. Além de manter uma rotina constante em Brasília, buscando garantir recursos e minimizar os contingenciamentos impostos pelo Governo Federal, o dirigente se viu às voltas com tentativas políticas, externas à universidade, de desestabilizar a sua imagem e tentativas de vinculá-lo a grupos políticos. 

Manutenção da qualidade no ensino e expansão
Em um clima de incertezas políticas, jurídicas e econômicas, indiferente daqueles que tentam criar um clima nefasto na onda da polarização política que só tem prejudicado o país e as instituições, os novos gestores precisarão sim é de apoio da sociedade, pois terão plena frente um cenário desafiador e que exigirá muita dedicação e esforço na manutenção operacional e prestação de serviços por parte da instituição, permanência da qualidade na ofertas dos cursos de graduação e pós-graduação, conclusão de grandes obras e a consolidação do campus Paraíso e do Hospital Universitário, além da continuidade da eficiência em gestão garantida nos últimos anos em uma instituição que em pouco tempo dobrou de tamanho, saindo de 640 vagas para ingresso na graduação para as mais de 2800 ofertadas atualmente. 

Crescimento
Acrescendo-se uma área total de 460 hectares no campus, além de duas fazendas onde são realizadas pesquisa e extensão, em suporte à pós-graduação, por ser uma instituição de pequeno/médio porte, a UFLA trabalha com um orçamento muito enxuto, sendo assim, não dispõe de margens que permitam importantes ajustes, daí a importância de seus gestores manterem articulações constantes com lideranças das mais diferentes correntes políticas, que se mostram dispostas a lutar pela causa da universidade pública.

Eficiência em gestão
Em levantamento sobre a governança e a gestão pública dos órgãos e entidades sujeitos à sua fiscalização publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em maio de 2018, entre as 488 organizações públicas que atenderam aos critérios e responderam ao levantamento, a Universidade Federal de Lavras alcançou resultados de destaque. No índice integrado de governança e gestão pública, por exemplo, sua nota a classifica em 1º colocação, quando comparada aos resultados do grupo de Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), e em 15º lugar entre todas as instituições avaliadas no País. Nesse índice, a UFLA encontra-se no estágio máximo (aprimorado) de desenvolvimento das práticas, situação registrada para apenas 3% das organizações pesquisadas.

Reflexos na economia local
Para mensurar o impacto da Universidade Federal de Lavras (UFLA) na cidade, Wendel de Souza Pernambucano realizou a sua pesquisa de mestrado sobre o desenvolvimento econômico local, mostrando as evidências da participação da Universidade na economia e finanças públicas de Lavras. A dissertação teve como orientação a professora Eloísa Helena de Souza Cabral, do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Administração Pública, e o professor João Batista Rezende, da Fundação João Pinheiro (FJP).

De acordo com a pesquisa, em 2007, foi repassado para Lavras R$ 0,21 milhões, representando 2,84% do ISSQN arrecadado naquele ano. Já em 2016, o montante foi de R$ 1,78 milhões, o que significou 12,17% do tributo arrecadado. Wendel relata que os montantes gastos pela UFLA com terceirização e serviços prestados por pessoa jurídica praticamente triplicaram em 10 anos. Com a terceirização, foram gastos R$ 6,16 milhões, em 2007, e chegou a R$ 20,95 milhões, em 2016, e com as despesas de serviços prestados por pessoa jurídica, em 2007, o montante foi de R$ 10,96 milhões e, em 2015, R$ 34,54 milhões. Já no que diz respeito aos valores envolvidos com obras, o montante subiu de R$ 6,06 milhões, em 2007, para R$ 37,78 milhões, em 2016, representando um aumento de mais de 600%.

Além disso, segundo Wendel, de 2007 a 2016, os valores das despesas com “Pessoal e encargos sociais” e “Custeio” praticamente dobraram, (de R$ 119,27 para R$ 242,30 milhões e de R$ 35,59 para R$ 68,08 milhões, respectivamente). Já os investimentos quadriplicaram, de R$ 9,30 para R$ 42,83 milhões. 

Segundo a pesquisa, enquanto os recursos movimentados pela UFLA cresceram de R$ 164,16 para R$ 353,21 milhões, de 2007 a 2016, representando um aumento de 215,16%, a receita realizada pelo município de Lavras cresceu de R$ 170,88 para R$ 241,82 milhões, no mesmo período, ou seja, 141,52%. Considerando esses percentuais no período da pesquisa, o montante movimentado pela UFLA apresentou crescimento 73,64% maior que o crescimento da receita realizada do município de Lavras.

Com exceção de 2007 e 2008, os recursos movimentados pela UFLA foram maiores que o total arrecadado pelo município de Lavras, ou seja, a UFLA sozinha possuiu uma receita maior que todo o município de Lavras. Em 2015, foi 69,56% maior do que toda a arrecadação municipal.

Contudo, Wendel destaca que ao observar o valor total de pagamentos realizados pela UFLA (dentro e fora de Lavras), uma considerável fatia dos pagamentos foram realizados a empresas do município de Lavras, isso representa um significativo aporte à economia, pois tais valores se traduziram em receitas para empresas e pessoas físicas locais, uma vez que 2008 foi o ano com maior montante de pagamentos em prol de empresas e prestadores de serviços sediados no município de Lavras. 

Do total de pagamentos realizados no referido ano pela UFLA com custeio e investimento (R$ 182,30 milhões), 10,62% (R$ 19,36 milhões) ficou no município de Lavras. Além disso, em 2015, a administração pública era a atividade econômica que mais empregava no município, ou seja, era responsável por 10,7% do total de empregos em Lavras.

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