Falta mais de um ano para as eleições municipais de 2024, porém as disputas políticas, conciliações, formação de alianças e agremiações partidárias envolvidas no processo já se movimentam nos bastidores rumo a caçada por votos. 2024, com muitas teorias, concepções, linhas de pensamentos e previsões, se aproxima para ser uma das eleições mais diferentes e surpreendentes da história eleitoral brasileira.
Até aqui, já foram várias experiências, técnicas, táticas, mudou-se do voto impresso para a urna eletrônica, que hoje já está muito avançada e com segurança redobrada, saiu-se se somente das propagandas no rádio, na televisão, nos veículos impressos, invadiu-se para a internet, porém 2024 vai ser desafiador para os políticos: como se infiltrar e cativar as "bolhas" do eleitorado. As tais "bolhas" nada mais são que o eleitor desconfiado e aguerrido nas ideias, antenado e participante ativo no seu grupo social.
As eleições de 2022 mostraram a ascensão das "bolhas" no eleitorado, com parlamentares e governadores sendo eleitos ou reeleitos, desbancando velhas e tradicionais raposas políticas, sendo que as vezes nem mostraram tantas obras, tantos projetos, tantos trabalhos, porém souberam, seja por meio da desenvoltura pessoal ou de uma estrutura mercadológico moderna e antenada, cativar os grupos, e estes grupos mesmo se engajaram por estes candidatos, dando-lhes votações estratosféricas. Prova disso, que "raposas" políticas com estrutura de gabinete montada de vários mandatos, experiência de anos na vida pública, não se reelegeram ou tiveram votações abaixo de sua envergadura. Não faltou voto, faltou saber onde estava o voto! E nessa briga, veio alguém, achou e levou.
Uma nova militância, desta vez a militância digital. As antigas militâncias embandeiradas e aguerridas nas ruas, ainda existem, porém hoje se mostram cada vez mais como um objeto de mostrar um certo poderio político, um prestígio no caso de partidos tradicionais e também o poder financeiro, pois pouco influencia hoje no voto. Tanto que muitos candidatos nem sequer usaram os tradicionais "santinhos" e foram eleitos com votações espetaculares. Desta vez, a militância se dedicou dia e noite no mundo e submundo digital, disparando, caçando, convencendo, que seu candidato era melhor para assumir ou dar continuidade ao pleito disputado.
Em Lavras, no Sul de Minas, as lideranças já se movimentam nos bastidores, já se busca candidatos a vereador(a) e prefeito(a), porém uma coisa é certa, independente do nome, a eleição será desafiadora, pois com uma cidade que cresceu em população, domicílios e bairros, um público cada vez mais em ascensão social, cada vez mais escolarizado, formador de opinião e "postador"; jovens começando no mercado de trabalho ou almejando isso, pessoas compondo famílias e pensando num futuro melhor (como vou criar e manter meus filhos?), o grande desafio dos políticos lavrenses será fazer chegar a cada "bolha", a cada de tela de celular, a cada computador, a cada domicílio a sua mensagem de por quê merece o respaldo do eleitor na urna.
Quinta maior cidade do Sul de Minas, passada a pandemia de Covid-19, onde os eleitores foram obrigados e se posicionar diante de telas, o que aumentou o engajamento digital das reuniões do Legislativo, agora volta-se a "normalidade" e a Câmara Municipal de Lavras não conseguiu manter a atenção dos lavrenses para suas reuniões, voltando ao patamar de onde somente o público pequeno e assíduo presencialmente nas reuniões ou online. A Câmara de Lavras em questão de divulgação e comunicação ainda patina, o que acaba alimentando o sentimento na população sobre "o que afinal os vereadores fazendo?" Somente com a propaganda própria, os parlamentares ficam restritos aos seus grupos e o Legislativo é um todo.
Para a Prefeitura de Lavras, os candidatos(as) terão pela frente a façanha de fazer chegar a cada domicílio e na "tela" de seus proprietários, suas propostas. Mas que propostas, talvez 2024 seja ano de um público já decidido em suas "bolhas", a espera somente de ver e ouvir, para sacramentar suas posições. Quem "furar bolha", têm a vitória.
*Por Sebastião Filho
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