Ele foi orientado a fazer boletim de ocorrência, mas não teve acesso ao nome dos vigilantes para registrar a queixa
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Estudantes realizaram um 'saiato' contra o preconceito, exigindo políticas públicas no Campus e punição dos envolvidos |
Por volta das 13h desta, quarta-feira, 4, um ato praticado pelos vigilantes terceirizados da Universidade Federal de Lavras (UFLA) provocou uma grande mobilização de estudantes durante quase todo o dia de ontem, quinta-feira, 5.
Na quarta-feira, um estudante que estava de saia foi barrado pelos vigilantes e impedido de entrar no Campus. De acordo com o universitário, ele chegou a ser abordado também por policiais militares, que acharam que era um trote.
"Eu cheguei na universidade e aí um guarda da guarita principal me parou e perguntou se eu iria subir desse jeito. Eu falei que ia e ele disse que iria me barrar lá em cima", disse o estudante Pablo Gabriel Barbosa a reportagem da EPTV Sul de Minas.
Indignado com a situação, Pablo Gabriel, que é estudante de química procurou o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Comunitários e Culturais (PRAECC), professor João Almir de Oliveira, mas, segundo ele, só conseguiu conversar com a psicóloga da universidade acompanhado de um segurança.
Ele foi orientado a fazer um boletim de ocorrência, mas não teve acesso ao nome dos vigilantes para registrar a queixa.
Após tomarem conhecimento do ato preconceituoso sofrido pelo colega, a reação foi imediata. Ainda na quarta-feira, estudantes da UFLA marcaram um ato denominada "Saiato" nas redes sociais e na manhã desta quinta-feira fizeram uma manifestação e ocuparam a Portaria da instituição.
Contra o preconceito, vestindo saias e com cartazes, eles pararam o trânsito na entrada da universidade e questionaram a ação dos vigilantes que barraram o aluno e também da PM.
Em seguida os manifestantes se deslocaram para o Campus Universitário e na parte da tarde, seguiram para a Reitoria da universidade, onde ocuparam pacificamente o hall de entrada e exigiram que os dirigentes da instituição viessem se reunir com o grupo.
Os manifestantes cobraram políticas públicas internas, combate ao preconceito e punição imediata para os vigilantes envolvidos no ato.
Também em entrevista a EPTV, o reitor da universidade disse que a ação dos seguranças foi preventiva.
"A pessoa veio fora de um padrão considerado por ele razoável observando as normas e portanto ele de uma forma extremamente cortês considerou que aquilo ali não era uma vestimenta adequada", disse o reitor José Roberto Soares Scolforo.
Ainda na entrevista a EPTV o reitor disse que a universidade vai trabalhar para que as pessoas que tenham como opção se vestir desta forma possam ser cadastradas.
"Vamos trabalhar um cadastro para que as pessoas que têm essa opção, elas se cadastrem e os vigilantes vão saber então que essas pessoas têm essa forma de se vestir como opção. Aí nós vamos conseguir cumprir a nossa norma do conselho universitário de proteger os estudantes, as famílias, quanto ao trote e ao mesmo tempo respeitar as diversidades que existem dentro da nossa instituição", disse o reitor.
Procurada, a assessoria da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), em Belo Horizonte, repassou a demanda para o setor de comunicação da corporação em Lavras, que até o fechamento desta edição, não se manifestou sobre o assunto.
O reitor da Universidade Federal de Lavras também negou que a situação vivida pelo estudante tenha sido um ato homofóbico por parte dos vigilantes.
O reitor da Universidade Federal de Lavras também negou que a situação vivida pelo estudante tenha sido um ato homofóbico por parte dos vigilantes.
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