sexta-feira, 18 de novembro de 2016

DIA DE DECISÃO

Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão se reúne hoje para decidir se suspende as aulas na Universidade Federal de Lavras. Sessão será presidida pelo reitor
Conselheiros irão se reunir hoje no prédio da Reitoria

Completando hoje, sexta-feira, 18, uma semana de greve dos professores, as atenções do dia estão voltadas para o prédio da Reitoria da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Com sessão estrategicamente convocada para a sexta-feira de uma semana que se iniciou em meio a um feriadão, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) se reúne hoje, às 17h30.

A sessão do CEPE, que será presidida pelo reitor José Roberto Soares Scolforo tem pauta única: decidir se suspende ou não o calendário acadêmico da instituição. 

Antes, às 15h, no Palquinho do Centro de Convivência (antiga Cantina Central), será realizado um evento pela comunidade acadêmica com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o movimento grevista. Logo após, o público pretende se dirigir para a Reitoria com o objetivo de acompanhar a votação do Conselho de Ensino.

O CEPE é composto por 28 membros, sendo o reitor, que também é o presidente do conselho, a vice-reitora, os 7 pró-reitores, além de 7 coordenadores de cursos de graduação, 4 coordenadores de programas de pós-graduação, 2 estudantes de graduação, 2 estudantes de pós-graduação, 2 servidores técnico-administrativos e 2 representantes da sociedade lavrense. O conselho conta com uma secretária, que é responsável pela redação das atas.

As estratégias nos bastidores
Nos últimos dias, o reitor José Roberto Scolforo se reuniu com chefes de departamentos para dar orientações sobre a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do corte de ponto de servidores grevistas. A movimentação direta e intensa do reitor, iniciada antes mesmo da votação dos docentes pela adesão a greve, foi mal vista por setores da instituição.

Fontes do alto escalão da universidade relataram ao Blog O Corvo-Veloz, que por parte da direção, a ideia inicial seria lutar pela manutenção do calendário acadêmico, mas devido as fortes movimentações dos setores grevistas e temendo maiores embates, a estratégia agora seria propor somente o congelamento do calendário acadêmico da graduação.

Mas embutido na defesa da suspensão das aulas, viria a proposta de que esse congelamento seria apenas para as aulas presenciais, sendo permitido aos professores continuarem avaliando os estudantes no ambiente virtual.

Além disso, seriam mantidos normalmente o calendário da pós-graduação. Está nova estratégia, também envolveria a manutenção do calendário administrativo da universidade já estipulado. 

Movimento grevista
Na Universidade Federal de Lavras os quatro segmentos (estudantes, professores, servidores técnico-administrativo e pós-graduandos) aderiram a greve contra a PEC 55 (PEC 241), proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB) e que congela os gastos públicos por 20 anos.

Diferente dos movimentos grevistas de anos anteriores, o deste ano foi cercado por passagens históricas e movimentações intensas da direção da universidade nos bastidores. 

Os servidores técnico-administrativos em educação (TAE's) da Universidade Federal de Lavras oficializaram junto à Reitoria, no dia 21 de outubro, o início o movimento grevista da categoria. No dia 8 de novembro, foi a vez dos estudantes. Em assembleia, realizada no Restaurante Universitário (RU), uma marca histórica de 3 mil estudantes aprovaram a adesão ao movimento grevista. 

Encerrada a assembleia estudantil, eles seguiram para o Centro de Convivência onde seria realizada a votação por parte dos professores da universidade. 

Como não se via há muito tempo na universidade, uma multidão de estudantes tomou conta do local. Inicialmente a pauta dos docentes trazia apenas aprovação ou não do estado de greve, que é uma situação que é aprovada pelos trabalhadores, alertando aos governantes que a qualquer momento poderão deflagrar uma greve.

Iniciada as discussões na assembleia dos professores, grande parte dos estudantes manifestavam apoio aos docentes para que deflagrassem a greve contra a PEC 55 e a contra medidas do governo de Michel Temer (PMDB) que possam prejudicar a educação pública no País.

Em torno de 4 mil estudantes lotaram o Centro de Convivência para acompanhar a assembleia. Diante do apoio e ampla manifestavam, os docentes acabaram aprovando por 132 votos a favor, 53 contrários e 2 abstenções a deflagração da greve da categoria.

Já no último dia 9, foi a vez da Associação dos Pós-Graduandos (APG) da Universidade Federal de Lavras convocar sua assembleia. Por 97 votos a favor e 40 contrários foi aprovada a adesão da categoria a greve. Ambos quatro movimentos grevistas são por tempo determinado na instituição. Eles terão fim após a tramitação da PEC 55 no Senado.

Mural "fura greve"
Outra situação que tem rendido discussão na instituição é a não adesão de diversos professores a greve. Eles estão ministrando aulas normalmente, indo contra a deliberação do movimento grevista e estão sendo chamados de "fura greve".

Em mural instalado no Centro Convivência estudantes podem registrar os professores que estão "furando a greve"

E para registrar a situação, estudantes da universidade montaram um mural no Centro de Convivência. Intitulado de "Mural Fura Greve", no local os estudantes podem inscrever o nome dos docentes que estão dando aula normalmente. O quadro é dividido por departamentos. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Um fato interessante, relacionado ao "Mural do Fura-Greve", é que há professores não-concordantes com a greve, que pedem aos alunos para colocar o nome deles lá - como forma de mostrar, publicamente, o posicionamento contra a paralisação das aulas (mesmo que sejam contra a PEC 241 e suas implicações negativas.)

Mas o que tenho notado é que muitos professores que são contra a greve (alegando que o calendário acadêmico nem foi reposto por causa da greve do ano passado, e por isso não convém paralisar as aulas agora) são omissos nas votações. OU SEJA: na hora de ir à assembleia votar e mostrar seu posicionamento, eles não vão. Tive professores antigrevistas que, justamente no horário da assembleia que votaria a deflagração ou não, estavam dando aula. E depois reclamam que "uma minoria decide por eles" ao serem favoráveis à greve!!!

Com isso, quem é favorável comparece a votação, e quem é contra nem vai... e com isso os votos favoráveis ganham. MORAL DA HISTÓRIA: Só desabafar com alunos, falando que são contra a greve, NÃO ADIANTA. Tem que usar da maneira OFICIAL para expressar isso, que é ir lá na assembleia e VOTAR contra, mudando assim o placar da votação. Sem mais...