terça-feira, 8 de novembro de 2016

SEGURANÇA NO CAMPUS TEM POLÍTICAS PÚBLICAS DIFERENTES EM UNIVERSIDADES FEDERAIS DE MINAS

Em Lavras, roubos a mão armada assustaram a comunidade acadêmica da UFLA em outubro. Instituição optou por cortar gastos na segurança interna e recorre a PM
Universidade Federal de Juiz de Fora investe nos profissionais de vigilância, estreita laços com bairros vizinhos e promove inserção da população local em atividades no campus

A segurança pública é uma questão preocupa as instituições federais de ensino superior (IFES). A insegurança hoje já é uma realidade também em seus campi.

Dezenove vigilantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) participarão do 25º Seminário Nacional de Segurança das Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) e Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre os dias 7 e 12 de novembro. 

O evento é promovido pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).

Ao longo de seis dias, os vigilantes participarão de palestras, mesas e grupos de trabalho sobre reconhecimento de saberes por competência, educação e democracia universitária, políticas sociais de gênero, raça e combate às opressões, estatuto do desarmamento, defesa pessoal por meio do esporte e projetos de lei no Congresso referentes à profissão. 

Haverá, ainda, oficinas de defesa pessoal por meio do esporte, gestão de conflitos, qualidade de vida na segurança e primeiros socorros.

O coordenador de Segurança da UFJF, Isalino Clemente, informa que a participação no seminário é uma demanda dos vigilantes que está sendo atendida pela atual administração da Universidade. 

“Esta será mais uma experiência de formação do profissional de vigilância na UFJF, que terá a oportunidade de crescer em conhecimento, sendo também qualificado para a função”, considera.

Federal de Lavras opta maior presença da PM
Já a Universidade Federal de Lavras (UFLA) seguiu na contramão dos investimentos em segurança interna e patrimonial feito em várias universidades. 

Adoção de uma política de redução de gastos e ajuste de prioridades por parte da direção da Universidade Federal de Lavras, sendo que algumas delas tem causado impacto direto em setores 'sensíveis' da instituição. 

É o caso da segurança interna, que na universidade está a cargo da Coordenadoria de Vigilância Patrimonial (CVP), subordinada a Pró-Reitoria de Planejamento e Gestão (Proplag).

O campus da UFLA possui imensa extensão territorial, sendo cercado por grandes áreas verdes, trilhas, passagens para bairro vizinhos, além de possuir três portarias oficiais. Ao todo, são 600 hectares de área, sendo 250.000 m² de área construída.

A universidade dispõe de 44 postos de trabalho de vigias terceirizados, sendo 22 vigias diurnos e 22 vigias noturnos. 

Anteriormente, eles atuavam com contrato de trabalho de vigilantes, mas devido a restrições orçamentárias e uma política interna de redução de gastos, o reitor da UFLA, professor José Roberto Soares Scolforo, optou por mudar a forma de contratação. 

Agora os trabalhadores passaram do posto de vigilante para vigia. Com a medida, houve uma significativa redução salarial, tendo inclusive alguns trabalhadores com bastante tempo de serviço optado por não permanecerem serviço na instituição pela nova forma de contrato.

A função de vigia possui ainda mais limitações de atuação destes funcionários. Diante dos últimos acontecimento e das limitações de sua atuação, os próprios profissionais ficam preocupados com o aumento da insegurança no campus, que a cada dia mais registra acréscimo de pessoas e automóveis que se movimentam por toda a sua extensão.

No campus, ao lado da biblioteca, existem uma base da Polícia Militar (PM). Mas ultimamente ela tem permanecido com a presença de um ou dois militares, sendo que as viaturas não ficam na base, apenas transportam os militares até o local e vão embora. 

Em nota enviada pela sua assessoria de comunicação a redação do Blog O Corvo-Veloz na noite do dia 25 de outubro, a Direção Executiva da UFLA disse que "está atenta à segurança da comunidade acadêmica e patrimonial. Mesmo que pontuais, as três ocorrências de roubo registradas em outubro estão sendo tratadas com extrema prioridade, com a tomada de medidas para continuar garantindo a segurança de todas as pessoas. Entre elas estão o aumento da iluminação e a solicitação de rondas sistemáticas da Polícia Militar no campus da Universidade".

Apesar do pedido de reforço no policiamento e reparos na iluminação do campus, as medidas não resolvem totalmente o problema e mantém os vigias, que são os profissionais que estão diretamente expostos as ocorrências, em situação vulnerável. 

Além disso, a cidade de Lavras possui, hoje, mais de 100 mil habitantes, tendo a PM que também atender a grande demanda de ocorrências geradas em total extensão territorial do município.

UFJF opta pela boa vizinhança
A Universidade Federal de Juiz de Fora lançou o Programa Boa Vizinhança, que busca estreitar os laços com as comunidades adjacentes à universidade.

De acordo com a Coordenadora de Ações de Extensão, Luciana Holtz, foi realizado um levantamento com instituições que funcionam no entorno da UFJF (cerca de 42 bairros), como associações de bairros, escolas, entidades beneficentes, culturais e grupos religiosos.

Foram identificadas várias necessidades, nas áreas de direito, pedagogia, nutrição, arquitetura, medicina, entre outras.

Ainda de acordo com a coordenadora, o diálogo é importante porque, a partir dele, a comunidade acadêmica pode ter contato com as ações que as comunidades estão demandando, o que direcionará o trabalho.

“O programa é um canal de acesso do campus com as comunidades e delas para conosco, pautado na troca de saberes e na interdisciplinaridade. É uma maneira da instituição se fazer presente, de forma efetiva, na circunvizinhança,” destaca Holtz.

Um grupo de trabalho foi formado com a função de estruturar as grandes áreas de ação demandadas pela comunidade, bem como parâmetros para distribuição de bolsas para estudantes de graduação.

De acordo com a pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra,  o objetivo do programa é estimular ações que contribuam para uma melhoria das condições de vida da população próxima ao campus e formação crítica e qualificada dos estudantes.

“O programa não se restringe ao campus Juiz de Fora. No Fórum de Extensão Universitária de Governador Valadares, com docentes, técnico-administrativos e estudantes, criamos o Programa Boa Vizinhança/Rio Doce, com ações extensionistas voltadas para a população daquela região que foi atingida pelo rompimento da barragem de Mariana. Assim, nos dois campi, a universidade executa atividades junto às comunidades vizinhas, ressignifica a relação com a sociedade que a mantém e contribui para transformar a realidade social dos territórios onde a UFJF se insere”, conclui a pró-reitora.
Reitor Marcus David anunciou a retomada do projeto Domingo no Campus durante coletiva

Além disso, o Projeto "Domingo no Campus", criado entre 1998 e 2006, retornou à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no dia 23 de outubro.

A intenção é integrar a comunidade acadêmica e a comunidade do entorno, por meio de um espaço de convivência, no qual a população possa se reconhecer e desenvolver o sentimento de pertencimento.

“Nós percebemos que as pessoas se sentiam excluídas quando criamos o projeto. O nosso objetivo é que elas percebessem que esse espaço também é delas. Conseguimos entender o alcance dessa iniciativa em dois momentos. No primeiro, quando uma agência bancária foi assaltada dentro do campus, uma criança disse: ‘A nossa universidade foi assaltada’, e em um segundo, quando outra criança ganhou um concurso com a frase: ‘Um dia você vai ser a minha Universidade’”, lembra o diretor de imagem institucional da UFJF, Márcio Guerra.

A intenção, segundo Guerra, é que o evento seja ampliado progressivamente, diversificando as atrações e tornando o espaço um reflexo da pluralidade de abordagens e manifestações característico do ambiente acadêmico.

Na edição de retorno, a Praça Cívica se tornou um baile exaltando a Música Popular Brasileira, em um projeto encabeçado pelo DJ Kureb, que levou parte da coleção de vinis dele para realizar a intervenção.

“Todo mundo tem uma relação com a música. Mas esse contato foi modificado pelas mídias. Escutamos música enquanto estamos desempenhando diversas outras atividades. A proposta é fazer outra interpretação da música, sem que a atenção seja dividida com outras tarefas”, explica o DJ.

O movimento começou tímido, mas a chuva do início da manhã não foi suficiente para afastar as pessoas da segunda edição do Domingo no Campus.

Realizado das 8h às 12h, a programação do evento contou com atividades para todos os públicos: de oficinas de pipas e brincadeiras antigas de criança, até música e atividades para a terceira idade.

O campus também recebeu a visita da Associação Projeto Amor e Restauração, mais conhecida como APAR, que trouxe crianças do abrigo para poderem aproveitar as atividades. A presidente Marilu Fraga explicou a equipe de comunicação da UFJF que é muito difícil encontrar atividades para poder levar as crianças e que esse espaço é muito bem-vindo.

“Estão todos curtindo muito. É uma iniciativa muito legal, principalmente para as crianças que precisam desse ambiente, do lúdico, para poder se inserir na sociedade. A APAR com certeza estará sempre presente”, diz Marilu.

“O Domingo no Campus era uma proposta que estava no nosso projeto de mandato. Isso porque acreditamos que a Universidade, para cumprir o seu papel social, deve ser inclusiva e relevante. Nossa ideia é oferecer cada vez mais serviços e atividades que envolvam as diferentes áreas de conhecimento presentes na UFJF para essa comunidade externa, que deve ocupar os espaços do nosso campus e criar um laço de pertencimento com a instituição.”, afirmou Marcus David.

O projeto Domingo no Campus foi implementado durante o primeiro mandato na reitoria da professora Margarida Salomão, em 1999, hoje deputada federal.

Com suas edições acontecendo sempre nos terceiros domingos de cada mês, foi possível se criar um vínculo da comunidade com o campus, como afirma o diretor de Imagem Institucional da UFJF, Márcio Guerra.

“Além das histórias incríveis de crianças e pessoas que passaram a se envolver com a UFJF, nós tiramos diversos benefícios das atividades que aconteciam aqui, como, por exemplo, a diminuição do índice de depredação no campus, que caiu 80% no período em que o evento era realizado”.

Atualização - 09/11/2016 - às 18h22
O campus da Universidade Federal de Lavras viveu mais um caso de roubo nas suas dependências, em plena luz do dia.

Poucos minutos antes do início da tarde do último domingo, 6, um jovem que transitava pela avenida principal da universidade foi surpreendido por um rapaz, menor de idade. Em uma ração rápida, o menor levou a bicicleta do jovem, avaliada em cerca de R$2 mil.

Após a ação, o indivíduo evadiu-se rapidamente do local, tomando o sentido de um bairro vizinho da universidade. O fato ocorreu no mesmo local que tem sido palco das ações, a região da Inbatec/Hidráulica/Ginásio.

As ações passaram a ser tornar constantes no campus depois que a administração da universidade passou os vigilantes para vigia, com isso, eles ficam impedidos de realizar abordagens e outras atividades, além dos próprios acabarem ficando sujeitos a risco, pois ficaram com as ações limitadas.

Leia também: Insegurança no campus 

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