quinta-feira, 9 de maio de 2019

ESTUDO IDENTIFICA A DISTRIBUIÇÃO DE ABELHAS EM PAÍSES AGRÍCOLAS PRÓXIMAS À MATA ATLÂNTICA

Em paisagens agrícolas, a presença de abelhas pode aumentar em até 30% a produção; então, conciliar a agricultura com a presença de insetos como as abelhas é importante segundo pesquisadores da UFLA

 As abelhas despertam grande interesse público - elas produzem mel, cera, geleia real e própolis, que são comercializados para diversos fins desde a época dos faraós, no Egito antigo. Além disso, estudiosos estimam que, ao procurar seus alimentos, esses insetos são responsáveis pela polinização de aproximadamente 73% das espécies de plantas cultivadas no mundo.

Na UFLA, diversas pesquisas são desenvolvidas sobre estes insetos, uma delas, no Departamento de Entomologia (DEN) apresenta como objetivo principal diagnosticar a distribuição de abelhas em paisagens agrícolas próximas à Mata Atlântica. 

O estudo teve início com o professor César Freire Carvalho (in memoriam), e segue sob a coordenação do docente Stephan Malfitano Carvalho (DEN), com a participação do doutorando Lucas Lopes da Silveira Peres, da doutora Ana Isabel Sobreiro e do graduando em Engenharia Florestal Gabriel Sterzeck Vitorri. 

De acordo com os pesquisadores, a intenção foi conhecer a diversidade de abelhas em cada local, e entender quais os fatores podem afetar suas comunidades em sistemas florestais circundados por culturas, com uso convencional de produtos fitossanitários.

Durante um ano, os pesquisadores coletaram abelhas em cinco áreas de preservação na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) da cidade de Maria da Fé. 

“A cada 15 dias fomos até lá e preparamos armadilhas com garrafas pet contendo solução atrativa para as abelhas, e assim, conseguimos conhecer um pouco mais sobre as espécies daquele local,” explica o estudante Gabriel Sterzeck Vittori.

O projeto envolve estudantes de pós-graduação e de iniciação científica, além de pesquisadores da UFLA e da Epamig. As armadilhas foram colocadas em pomares de macieira, oliveira, pêssego - que geralmente já atraem as abelhas – e em duas áreas de Mata Atlântica próximas a essas culturas. 

Segundo Gabriel, “algumas abelhas ocorrem em determinadas épocas do ano; por isso, esse levantamento foi feito em 12 meses para abranger todo o período”.

O estudo, ainda em andamento, coletou 645 abelhas pertencentes a oito gêneros e 15 espécies. A maior parte foi encontrada na área de floresta nativa, com um total de 210 indivíduos de 11 espécies. 

A cultura de maçã foi a que apresentou o menor número de insetos, 32 indivíduos de quatro espécies. Os resultados parciais mostram que algumas espécies aparecem com mais frequência em área de paisagens agrícolas do que em uma de floresta. 

“Já observamos que a Trigona spinipes, conhecida como “Arapuá”, é uma espécie que aparece em grande quantidade na área de monocultura,” diz o estudante.

De acordo com o professor Stephan, as perturbações aos habitats naturais das abelhas podem gerar um desiquilíbrio no ecossistema. 

“Há casos em que o déficit do polinizador é mais facilmente identificado, como, por exemplo, naquelas situações nas quais existe a dependência da polinização, provocando perdas na qualidade e na quantidade, como ocorre em berinjela e morango”. O pesquisador explica que, em paisagens agrícolas, a presença de abelhas pode aumentar em até 30% a produção; por isso, conciliar a agricultura com a presença de insetos como as abelhas é importante: “é preciso conscientizar as pessoas sobre a produção sustentável, respeitando o meio ambiente e seu entorno, adotando estratégias de manejo regionalizado”. 

O estudante Gabriel finaliza: “Não é maléfico preservar o local onde estão as abelhas, pois elas ajudam na polinização e ainda melhoram a qualidade dos frutos. Nosso intuito é saber como fazer isso e da melhor forma”.

Com o avanço da exploração agrícola e degradação do meio ambiente, cresce a preocupação mundial sobre o impacto na população das abelhas, já  que, das 25 mil espécies conhecidas no mundo, pelo menos sete já estão na lista de extinção.

da assessoria da UFLA

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