quarta-feira, 7 de julho de 2021

UMA CIDADE À ESPERA DE UM NOVO FÔLEGO


O dia não poderia ser mais simbólico: 1º de julho de 2021. O primeiro dia do segundo semestre de 2021 para a administração da prefeita Jussara Menicucci (PSB) foi uma oportunidade. Deixar em 30 de junho as lembranças e os "desencontros" da gestão e iniciar a manhã do novo semestre com "chave de ouro". Afinal, em Minas Gerais, a manhã de 1º de julho começou com a visita do governador Romeu Zema (NOVO) e de seu secretário de Estado de Saúde ao Sul de Minas, iniciando logo pela cidade de Lavras. 

A maior autoridade do Estado e o seu secretário que hoje, ocupa o cargo de maior importância e destaque na estrutura do governo, responsável pelo gerenciamento do enfretamento da pandemia e da maior vacinação da história do Brasil. 

Para Jussara Menicucci, em seu quarto mandato como prefeita da quinta maior cidade do Sul de Minas, um prestígio que ela ostentou em administrações, mas, na prática, até para surpresa de seus opositores, uma chance desperdiçada. Se o governador Romeu Zema não tivesse feito um "tour" pelo Centro da cidade distribuindo máscaras e tirando foto, nem iria parecer que na estava se encontrava o chefe do Executivo estadual e o seu secretário de Estado de Saúde.

O governador gravou uma entrevista para uma rádio FM da cidade e, na coletiva na Escola Municipal Doutora Dâmina, na região central de Lavras, só apareceram a EPTV Sul de Minas, a TV Alterosa, está apenas para gravação de imagens e dois sites de notícias da cidade, mas apenas o repórter da EPTV fez uma pergunta ao chefe do Executivo estadual. Após a passagem "icônica" de Zema por Lavras, fato que ficou marcado até para sua assessoria como uma passagem "atípica", muito se debateu sobre a chance que Lavras teve, mais não aproveitou.

Para muitos, a passagem do governador por Lavras, se a prefeita ainda tinha alguma dúvida sobre anda e é vista sua administração, nesse 1º de julho ela viu com os próprios olhos como em 6 meses deixou o seu governo 'desidratar' de maneira tão rápido. Um semestre marcado por uma sucessão de erros, nem tanto da prefeita, que é uma política habilidosa, mais das circunstâncias do seu redor. Jussara já veio de uma eleição apertada, decidida no último suspiro. Assumiu o cargo tendo a confiança de muitos que depositaram nela as expectativas devido justamente sua experiência e conhecimento na máquina pública, mas já nos primeiros meses - em oposto aos seus colegas que têm conseguido se sobressair na crise da pandemia - deixou o governo "patinar" por coisas irrelevantes. 

O fato ocorrido em 1º de julho de 2021 foi a colheita do que o Blog O Corvo-Veloz já havia sacramentado em artigo publicado no dia 12 de maio de 2021. Talvez a prefeita diretamente não opine, concorde, apoie ou participe, mais a tendência, talvez de apoiadores seus e de membros de sua base legislativa aliada de acentuar a rivalidade entre opositores, atacar o que já passou e já saiu e a velha tática, que remonta a década de 90 com a figura emblemática de Antônio Carlos Magalhães (ACM), do "partir pra cima", só agrave ainda mais o segundo semestre do seu primeiro ano de mandato. 

Obviamente, neste segundo semestre a prefeita irá colher o que plantou no primeiro semestre, aliás, já começou a colher em 1º de julho e também terá pela frente a chance e a oportunidade afinar melhor a sua gestão. Talvez, por isso, busque "passar" na Câmara Municipal de Lavras dois pedidos de empréstimo junto ao BDMG com a chancela de "investimentos", para assim poder executar serviços na cidade e oxigenar sua gestão. E o que a população mais quer, é justo uma administração hidratada e atendendo aos seus anseios. Na administração passada, haviam muitas críticas de que só "se pintava faixas na cidade", no ritmo atual nesta administração, até as faixas de pedestres estão sumindo.

Neste segundo semestre, Jussara tem pela frente a árdua tarefa de se reconciliar com o seu passado recente, porque em 2022 precisará mostrar força e, para isso, precisará de apoio e brilho local. No primeiro semestre, uma administração que foi se perdendo pelo caminho e não conseguiu mostrar a que veio.

Confira a seguir a íntegra do artigo publicado em 12 de maio de 2021:


DESGASTE DE JUSSARA ANTECIPA APOSTAS DE QUEM VAI TER O PROTAGONISMO DA POLÍTICA DE LAVRAS

Eleições de 2022 vai definir de vez qual sobrenome vai assumir o protagonismo político da cidade
Depois de 20 anos, um chefe do Executivo lavrense participa da solenidade de “entrega das chaves” da prefeitura ao seu sucessor. Na foto, o ex-prefeito José Cherem fez questão de convidar a prefeita Jussara Menicucci de Oliveira para a cerimônia de transmissão do cargo, fazendo pessoalmente a transferência oficial do Governo de Lavras às mãos da nova ocupante do Executivo

Em tempos difíceis, tudo que o cidadão precisa é de governantes que não tornem estes tempos ainda mais difíceis. Com essa máxima, o país navega na pandemia de Covid-19 pelas mãos dos mais variados agentes públicos, de diferentes gerações, ideais, bandeiras políticas e crenças, inclusive religiosas. Em Lavras, no Sul de Minas, o então prefeito José Cherem (PSD), que nunca foi político, nunca exerceu cargo na vida pública e foi eleito com uma votação histórica para a cidade, com o advento da pandemia, saiu de um marasmo e ostracismo para o auge como gestor público.

Em 2020, todos os dias em Lavras, o famoso "horário nobre" era motivo de atenção pelos cidadãos que se preparavam para assistir às lives do então prefeito e saber quais medidas seriam tomadas. Direto de sua casa, sozinho no vídeo (salvo às vezes em que fez a transmissão com renomados profissionais do setor de saúde, geralmente nomes da Universidade Federal de Lavras), José Cherem comentava sem rodeios e de forma técnica e rápida o cenário da pandemia no país, destacava o cenário local e anunciava, conforme a ocasião, quais medidas iria adotar. Muitas destas medidas marcaram o ano de 2020, seu último e destacado do mandato; muitas geraram polêmica e algumas foram decididas de forma unilateral, mas, mesmo assim, mostrando ter "pulso" para "fechar a cidade" se preciso fosse, José Cherem conseguiu apoio popular e ganhou a confiança da população. Muitas destas medidas, realmente surtiram grande efeito e foram adotadas em uma época que o Governo de Minas ainda não tinha tomado para si muitas destas ações de enfrentamento.

Passada as eleições municipais de 2020, a nova postulante à cadeira do Executivo municipal, Jussara Menicucci de Oliveira, que possui longo DNA na política de Lavras, sendo de família tradicional, sagrou-se eleita numa vitória apertada nas urnas para seu quarto mandato como prefeita. Além de ostentar o título de primeira e única mulher prefeita de Lavras até hoje, diferente de José Cherem, que não nunca foi político, Jussara sempre teve suas bases atuando diretamente junto à população. Embora a eleição foi decidida com menos de 2 mil votos de diferença (vitória muito atribuída a votação expressiva dos servidores públicos municipais) entre a segunda colocada, a ex-deputada federal Dâmina Pereira e Jussara, houve uma grande expectativa com seu nome, principalmente pela sua experiência na administração pública e a esperança de diálogo com o empresariado, muito afetado pela pandemia e medidas restritivas, além da mandatária ter pregado um "ar de renovação".

Prestes a assumir o protagonismo no combate à Covid-19 em Lavras, Jussara pecou em não organizar, ainda na transição, uma gestão articulada da crise, alvez por não ter percebido naquele momento o "time" do momento. Entre o alto escalão do prefeito que já estava saindo, comentava-se a ausência ou demora em divulgar nomes de pessoas para tão logo se inteirar da situação. Na comunicação, por exemplo, a demora na definição viria mais tarde criar constrangimentos com a divulgação errônea dos Boletins de Covid-19, um informativo técnico que todos os dias é alvo de olhos atentos da população. Nunca antes na história, a divulgação de estatísticas viria a se tornar uma rotina na vida dos brasileiros em todos os municípios. A própria população passou a identificar erros primários nos boletins divulgados na nova gestão.

Segundo apoiadores da atual prefeita, a mesma confidenciou antes da posse que iria investir também nas lives, seguindo os passos do antecessor José Cherem. Assim que tomou posse, realmente a prefeita, com boa intenção, "mergulhou" no mundo das lives, porém, sem avaliar primeiro o cenário e o seu próprio perfil político, aliado a improvisação e falhas técnicas, suas lives geraram polêmica na cidade e caíram como um presente no colo dos seus opositores, que não precisaram de nenhum esforço, uma vez que os desgastes administração passaram a ser gestados na própria administração, mediante falhas constantes, o que demonstrou realmente a ausência de um engajamento de determinados setores na transição.

Para um apoiador da prefeita e que pediu para não ser identificado, a chefe do Executivo falhou em não aproveitar seu perfil, que diferente do de José Cherem é moldado nas bases da população e utilizado isso para se engajar em campanhas de prevenção ao novo coronavírus e ter deixado as análises e o panorama técnico da pandemia na mão de um profissional da área da saúde, dentro do comitê setorial. O comitê setorial foi amplamente apoiado pelo prefeito José Cherem e utilizado para respaldar tecnicamente as suas ações e decisões. Por diversas vezes, em vias de tomar decisões polêmicas, José Cherem citava que "ouviria o comitê técnico e respeitaria sua deliberação", uma postura que Luiz Henrique Mandetta adotou no Ministério da Saúde e que alçou seu nome na mídia. Para esse apoiador, foi ao não montar um novo comitê desde a transição, que a prefeita perdeu a grande oportunidade de assumir o protagonismo da crise na cidade, resguardar ações mais duras e buscar credibilidade. A demora na estruturação do comitê após a posse e a falta de protagonismo no mesmo, onde não se sabe nem o que é decidido, contribuiu para abalar, já nos primeiros dias, a credibilidade da atual administração na crise de Covid-19. Logo sua administração iria conhecer na prática o "tribunal das redes sociais" e entender que nestes "tempos digitais", o eleitor não dorme.

Ao tentar minimizar falhas, a prefeita recorreu a velha tática antidemocrática de culpar a imprensa, o que não ressoa com a tradição de sua família, sendo que seu pai foi perseguido e teve o mandato cassado pela Ditadura Militar. Ao aderir a onda de ir contra a imprensa, criticando num todo, sem citar quais veículos, para ela agiam contra sua administração, a prefeita atirou contra o setor que é um aliado primordial na divulgação e combate à Covid-19, criou cismas desnecessárias.

O desgaste precoce da atual administração, com problemas de comunicação, falta de diálogo, abandono de aliados políticos de peso e, até mesmo, já um racha vem se formando nos bastidores do Legislativo local, onde vereadores então aliados, já demonstram uma insatisfação. Em menos de 100 dias de governo, a prefeita conseguiu amarrar na própria corda um nó que nos próximos dias se mostrará ser difícil de se desatar. Com isso, ofereceu aos seus opositores de bandeja e sem que precisassem se esforçar, o gás necessário para inflarem seu capital político. José Cherem deverá concorrer ao pleito de deputado estadual e Dâmina Pereira, pode concorrer ao segundo mandato de deputada federal (ela não se reelegeu nas eleições de 2018). Com o desgaste da atual administração, Dâmina se vê numa redenção política. Tem a justificativa de não ter tido a oportunidade de mostrar sua personalidade e seu trabalho como prefeita de Lavras. E José Cherem, mesmo tendo tido falhas em três anos, ao entrar no quarto mandato conseguiu se repaginar. Inclusive com a ajuda de um comunicador que estava em ascensão na cidade, José Cherem nos últimos meses se mostrou mais aberto e receptivo e demonstra que com um pouco mais de empolgação, tem fôlego para abocanhar o espaço que a atual prefeita sempre ostentou: a política direto com o povo.

José Cherem e Dâmina assumem, hoje, talvez nem seja o papel de opositores de Jussara na cidade, mais na verdade o protagonismo de um novo ciclo.

Cercada dentro do seu gabinete, o que talvez Jussara não saiba é que até opositores do ex-prefeito José Cherem já estão dizendo que "ele lidou melhor com a crise da pandemia". Ou servidores públicos municipais que fizeram a diferença na eleição, rechaçaram votar na ex-deputada e agora admitem que "talvez não seria ruim como pensávamos!"

Será que a prefeita vai perceber a tempo e irá buscar novamente a experiência forjada nos princípios herdados de sua família e na sua história direta com o povo, encarar os erros e seguir, agora, um caminho de acertos? Tempo tem, mais e espaço?

3 comentários:

Valter disse...

No final, se a cidade perde, perdemos nós. Só lambança, administração que se perdeu no processo. Delivery de supermercado, sinto que são coisas que não são diretamente ideias da prefeita, mais ela é a chefe, se deixa acontecer, paga por isso e nós pagamos. Uma administração sem controle. Fizeram um tal app Cidadão Online você vai registrar algo e não funciona. Um site oficial arcaico e demora carregar. Uma administração lenta.

Anônimo disse...

a jussara pagou pra ver e viu

Andreia Furtado disse...

Eu acho que ela teve tempo para erros. Agora é arregaçar as mangas e mostrar serviço, se mimimi de ex-prefeito, ex isso, ex aquilo, já foi, já teve. Queremos resultados, agora não tem espaço mais para erros.