quarta-feira, 12 de maio de 2021

DESGASTE DE JUSSARA ANTECIPA APOSTAS DE QUEM VAI TER O PROTAGONISMO DA POLÍTICA DE LAVRAS

Eleições de 2022 vai definir de vez qual sobrenome vai assumir o protagonismo político da cidade
Depois de 20 anos, um chefe do Executivo lavrense participa da solenidade de “entrega das chaves” da prefeitura ao seu sucessor. Na foto, o ex-prefeito José Cherem fez questão de convidar a prefeita Jussara Menicucci de Oliveira para a cerimônia de transmissão do cargo, fazendo pessoalmente a transferência oficial do Governo de Lavras às mãos da nova ocupante do Executivo

Em tempos difíceis, tudo que o cidadão precisa é de governantes que não tornem estes tempos ainda mais difíceis. Com essa máxima, o país navega na pandemia de Covid-19 pelas mãos dos mais variados agentes públicos, de diferentes gerações, ideais, bandeiras políticas e crenças, inclusive religiosas. Em Lavras, no Sul de Minas, o então prefeito José Cherem (PSD), que nunca foi político, nunca exerceu cargo na vida pública e foi eleito com uma votação histórica para a cidade, com o advento da pandemia, saiu de um marasmo e ostracismo para o auge como gestor público.

Em 2020, todos os dias em Lavras, o famoso "horário nobre" era motivo de atenção pelos cidadãos que se preparavam para assistir às lives do então prefeito e saber quais medidas seriam tomadas. Direto de sua casa, sozinho no vídeo (salvo às vezes em que fez a transmissão com renomados profissionais do setor de saúde, geralmente nomes da Universidade Federal de Lavras), José Cherem comentava sem rodeios e de forma técnica e rápida o cenário da pandemia no país, destacava o cenário local e anunciava, conforme a ocasião, quais medidas iria adotar. Muitas destas medidas marcaram o ano de 2020, seu último e destacado do mandato; muitas geraram polêmica e algumas foram decididas de forma unilateral, mas, mesmo assim, mostrando ter "pulso" para "fechar a cidade" se preciso fosse, José Cherem conseguiu apoio popular e ganhou a confiança da população. Muitas destas medidas, realmente surtiram grande efeito e foram adotadas em uma época que o Governo de Minas ainda não tinha tomado para si muitas destas ações de enfrentamento.

Passada as eleições municipais de 2020, a nova postulante à cadeira do Executivo municipal, Jussara Menicucci de Oliveira, que possui longo DNA na política de Lavras, sendo de família tradicional, sagrou-se eleita numa vitória apertada nas urnas para seu quarto mandato como prefeita. Além de ostentar o título de primeira e única mulher prefeita de Lavras até hoje, diferente de José Cherem, que não nunca foi político, Jussara sempre teve suas bases atuando diretamente junto à população. Embora a eleição foi decidida com menos de 2 mil votos de diferença (vitória muito atribuída a votação expressiva dos servidores públicos municipais) entre a segunda colocada, a ex-deputada federal Dâmina Pereira e Jussara, houve uma grande expectativa com seu nome, principalmente pela sua experiência na administração pública e a esperança de diálogo com o empresariado, muito afetado pela pandemia e medidas restritivas, além da mandatária ter pregado um "ar de renovação". 

Prestes a assumir o protagonismo no combate à Covid-19 em Lavras, Jussara pecou em não organizar, ainda na transição, uma gestão articulada da crise, alvez por não ter percebido naquele momento o "time" do momento. Entre o alto escalão do prefeito que já estava saindo, comentava-se a ausência ou demora em divulgar nomes de pessoas para tão logo se inteirar da situação. Na comunicação, por exemplo, a demora na definição viria mais tarde criar constrangimentos com a divulgação errônea dos Boletins de Covid-19, um informativo técnico que todos os dias é alvo de olhos atentos da população. Nunca antes na história, a divulgação de estatísticas viria a se tornar uma rotina na vida dos brasileiros em todos os municípios. A própria população passou a identificar erros primários nos boletins divulgados na nova gestão. 

Segundo apoiadores da atual prefeita, a mesma confidenciou antes da posse que iria investir também nas lives, seguindo os passos do antecessor José Cherem. Assim que tomou posse, realmente a prefeita, com boa intenção, "mergulhou" no mundo das lives, porém, sem avaliar primeiro o cenário e o seu próprio perfil político, aliado a improvisação e falhas técnicas, suas lives geraram polêmica na cidade e caíram como um presente no colo dos seus opositores, que não precisaram de nenhum esforço, uma vez que os desgastes administração passaram a ser gestados na própria administração, mediante falhas constantes, o que demonstrou realmente a ausência de um engajamento de determinados setores na transição. 

Para um apoiador da prefeita e que pediu para não ser identificado, a chefe do Executivo falhou em não aproveitar seu perfil, que diferente do de José Cherem é moldado nas bases da população e utilizado isso para se engajar em campanhas de prevenção ao novo coronavírus e ter deixado as análises e o panorama técnico da pandemia na mão de um profissional da área da saúde, dentro do comitê setorial. O comitê setorial foi amplamente apoiado pelo prefeito José Cherem e utilizado para respaldar tecnicamente as suas ações e decisões. Por diversas vezes, em vias de tomar decisões polêmicas, José Cherem citava que "ouviria o comitê técnico e respeitaria sua deliberação", uma postura que Luiz Henrique Mandetta adotou no Ministério da Saúde e que alçou seu nome na mídia. Para esse apoiador, foi ao não montar um novo comitê desde a transição, que a prefeita perdeu a grande oportunidade de assumir o protagonismo da crise na cidade, resguardar ações mais duras e buscar credibilidade. A demora na estruturação do comitê após a posse e a falta de protagonismo no mesmo, onde não se sabe nem o que é decidido, contribuiu para abalar, já nos primeiros dias, a credibilidade da atual administração na crise de Covid-19. Logo sua administração iria conhecer na prática o "tribunal das redes sociais" e entender que nestes "tempos digitais", o eleitor não dorme.

Ao tentar minimizar falhas, a prefeita recorreu a velha tática antidemocrática de culpar a imprensa, o que não ressoa com a tradição de sua família, sendo que seu pai foi perseguido e teve o mandato cassado pela Ditadura Militar. Ao aderir a onda de ir contra a imprensa, criticando num todo, sem citar quais veículos, para ela agiam contra sua administração, a prefeita atirou contra o setor que é um aliado primordial na divulgação e combate à Covid-19, criou cismas desnecessárias. 

O desgaste precoce da atual administração, com problemas de comunicação, falta de diálogo, abandono de aliados políticos de peso e, até mesmo, já um racha vem se formando nos bastidores do Legislativo local, onde vereadores então aliados, já demonstram uma insatisfação. Em menos de 100 dias de governo, a prefeita conseguiu amarrar na própria corda um nó que nos próximos dias se mostrará ser difícil de se desatar. Com isso, ofereceu aos seus opositores de bandeja e sem que precisassem se esforçar, o gás necessário para inflarem seu capital político. José Cherem deverá concorrer ao pleito de deputado estadual e Dâmina Pereira, pode concorrer ao segundo mandato de deputada federal (ela não se reelegeu nas eleições de 2018). Com o desgaste da atual administração, Dâmina se vê numa redenção política. Tem a justificativa de não ter tido a oportunidade de mostrar sua personalidade e seu trabalho como prefeita de Lavras. E José Cherem, mesmo tendo tido falhas em três anos, ao entrar no quarto mandato conseguiu se repaginar. Inclusive com a ajuda de um comunicador que estava em ascensão na cidade, José Cherem nos últimos meses se mostrou mais aberto e receptivo e demonstra que com um pouco mais de empolgação, tem fôlego para abocanhar o espaço que a atual prefeita sempre ostentou: a política direto com o povo. 

José Cherem e Dâmina assumem, hoje, talvez nem seja o papel de opositores de Jussara na cidade, mais na verdade o protagonismo de um novo ciclo.

Cercada dentro do seu gabinete, o que talvez Jussara não saiba é que até opositores do ex-prefeito José Cherem já estão dizendo que "ele lidou melhor com a crise da pandemia". Ou servidores públicos municipais que fizeram a diferença na eleição, rechaçaram votar na ex-deputada e agora admitem que "talvez não seria ruim como pensávamos!"

Será que a prefeita vai perceber a tempo e irá buscar novamente a experiência forjada nos princípios herdados de sua família e na sua história direta com o povo, encarar os erros e seguir, agora, um caminho de acertos? Tempo tem, mais e espaço?

6 comentários:

Anônimo disse...

ciclo dela acabou. o que resta é ela fazer um bom governo e encerrar com a carreira com dignidade e dar valor nas pessoas!

Carlos disse...

É como dizem, quando se é novo, tem se muito a ganhar e arriscar, quando se fica mais velha, tem se muito a perder, inclusive arrisca não deixar um bom nome a ser lembrado. A prefeita é bem intencionada, mais não percebeu o momento atual.

Pedro Henrique disse...

O tempo hoje voa,já são 5 meses, então realmente fica uma frustração e ela pelo jeito ainda não se tocou disso. Essa questão da vacinação das comorbidades ninguém informa nada direito. A prefeitura não informa nada direito.

Lucimara Alves disse...

Se não fosse a imprensa e principalmente o Gordinho tinha morrido mais gente
eu votei nessa mulher e tô arrependida

Doutor Zé Cherem e Doutora Dâmina vão salvar nossa cidade

Anônimo disse...

ela pode melhorar e têm tempo, basta querer e se dedicar

Unknown disse...

O maior desgaste dela é que aí da gera muita insatisfação são com os Engenheiros e arquitetos que não estão preocupados com troca de nomes na pasta de obras e sim nos procedimentos de liberação de alvarás e habite-ses que mesmo com a troca de nome ainda não conseguiram dar conta.