quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ESTUDANTES DEVEM COMEÇAR A FREQUENTAR PSFs DE LAVRAS A PARTIR DO SEGUNDO PERÍODO

Três programas de residência médica também já estão em fase de avaliação: Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica e Pediatria
 A professora Joziana Muniz, uma das coordenadoras do curso de medicina da UFLA, esteve com o ministro da Saúde, Arthur Chioro

Dez instituições da cidade de Lavras, no Sul de Minas, tornaram-se parceiras do curso de medicina da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e receberam grupos de estudantes matriculados na disciplina “Estágios em Práticas de Saúde”, durante o primeiro letivo deste ano. Esta é a primeira turma do curso de medicina da UFLA. 

A turma de 30 estudantes foi dividida em cinco grupos de seis participantes. Cada grupo frequentou duas instituições, com visitas semanais (metade do período letivo em uma e metade em outra), sob a supervisão de professores do curso.

Os estudantes puderam conhecer a realidade das comunidades, identificar suas principais necessidades e associar essas experiências às questões de saúde da população. Os grupos se reuniam periodicamente para relatar as experiências e compartilhar o aprendizado. 

Em cada local, fizeram microintervenções específicas, oferecendo pequenas contribuições aos assistidos das instituições LarEVida, Magneti Marelli, Instituto Presbiteriano Gammon, Centro Universitário de Lavras (Unilavras), Lar Augusto Silva, Associação Comunitária de Moradores dos bairros Jardim Glória e Jardim Campestre I, II e III, comunidade do bairro Judith Cândido, Escola Municipal da comunidade rural de Itirapuã, Cemei Novo Horizonte e Escola Municipal Paulo Lourenço Menicucci.

Os campos desse estágio inicial tiveram natureza diversa, com a finalidade de fazer com que o estudante conheça os diferentes públicos com os quais vai trabalhar na assistência à saúde. 

Segundo semestre do curso
A previsão é de que no segundo período eles já frequentem os Programas de Saúde da Família (PSFs) cientes da realidade de cada local. 

“Nosso curso tem o objetivo de formar um médico que seja sensível a todas as necessidades dos pacientes, e o contato social prévio com esses grupos vai ajudar nisso”, destacou umas das coordenadoras da graduação, professora Joziana Muniz Barçante.

Medidas anunciadas pelo governo terão impacto na UFLA
No último dia, Joziana Muniz representou a instituição no evento comemorativo pelos dois anos de implantação do programa Mais Médicos, solenidade ocorrida no Palácio do Planalto. Entre as várias medidas anunciadas e assinadas durante a celebração dos dois anos do programa Mais Médicos, algumas irão impactar positivamente na UFLA, de acordo com a coordenadora do curso. 

Estiveram presentes no evento a presidente Dilma Roussef (PT), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro.

No evento, foi assinado o decreto do Cadastro Nacional de Especialistas, que permitirá saber o local onde os médicos atuam e criar um mapeamento de especialistas por regiões. “Com esse cadastro, será possível identificar as fragilidades da nossa região em termos de especialidades e implementar, em longo prazo, programas de residência que visem corrigir as carências da região”, considera a professora.

A aprovação de 3 mil novas bolsas para residência médica também foi bem vista pela coordenadora. “Nós já estamos com três programas de residência médica em fase de avaliação: Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica e Pediatria. Em breve, receberemos a visita in loco para autorizar o funcionamento dessas residências, que poderão ter início já com a oferta de bolsas para os residentes”.

Também foi lançada uma Portaria Interministerial que disciplina os Contratos Organizativos de Ação Pública Ensino-Serviço (Coapes). 

Tais contratos formalizam e orientam o compromisso conjunto das escolas de medicinas e gestões locais e estaduais do Sistema Único de Saúde (SUS), para garantir que os estudantes exerçam, na rede de serviço do SUS, atividades práticas de ensino. 

Essa integração entre ensino, serviços e comunidade é um ponto fundamental do programa Mais Médicos e das diretrizes curriculares dos cursos de Medicina, por isso, a professora Joziana Muniz considerou o lançamento o ponto mais importante do evento.

Segundo informações divulgadas pelo governo federal, o programa Mais Médicos já beneficiou cerca de 63 milhões de pessoas, levando 18.240 médicos a 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).

Acompanhamento do curso
Nos dias 8 e 9 de julho, a universidade recebeu a visita da professora Oscarina da Silva Ezequiel, presidente da Comissão Especial de Avaliação de Escolas Médicas do Ministério da Educação (Ceaem-MEC). I

ntegrando a Política Nacional de Expansão das Escolas Médicas das Instituições Federais de Educação Superior, a visita teve o objetivo de acompanhar e avaliar o processo de implantação do curso de Medicina da UFLA, oferecendo colaborações e compartilhamento de experiências.

A presidente da Ceaem conheceu mais detalhes sobre a proposta pedagógica e a infraestrutura do curso. Na UFLA, ela reuniu-se com membros da Direção Executiva, todos os docentes que ministram aulas no curso e também com os estudantes.

A professora Oscarina Ezequiel, que é docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ressaltou, durante as reuniões, que o curso está alinhado com as diretrizes curriculares do MEC para os cursos de Medicina, focadas no atendimento à comunidade, atenção básica e alinhamento com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Parceria internacional
Além da parceria firmada com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para a realização de aulas práticas de Anatomia, o Departamento de Saúde (DSA) busca formalizar a primeira parceria internacional. O médico-cirurgião Paulo Borém, representante do Institute for Healthcare Improvement (IHI), participou de reunião na UFLA para apresentar a missão do instituto americano, voltado para a melhoria das experiências em saúde no mundo, centrado no paciente, com o princípio de qualidade e segurança dos procedimentos.  

Com sede em Cambridge, Massachusetts, o IHI tem uma abordagem diferenciada da ciência médica, com foco na qualidade total e redução de erros em processos da área de saúde. O instituto possui parcerias em países das Américas, Europa, África e Ásia.

O IHI defende uma abordagem no sistema de saúde no modelo intitulado Triple Aim, que prevê a melhoria contínua da experiência do cuidado ao paciente, a melhoria da saúde da população e a redução de custos. 

O sistema adota metas pré-estabelecidas voltadas para redesenhar os processos e organizar melhor os fluxos, no que chamam ‘cuidado perfeito’. No Brasil, o Instituto mantém parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), envolvendo cerca de 40 hospitais no projeto ‘Parto Adequado’, voltado para a redução de cesarianas, além da além da Associação Santa Catarina com sede em São Paulo e Unimed.

Na avaliação dos coordenadores do curso de medicina, professora Joziana Barçante e o médico Vitor Luis Tenório Mati, a parceria com o IHI fortalece os princípios que têm orientado a criação do curso na Universidade Federal de Lavras. 

O primeiro passo será a institucionalização na UFLA da primeira unidade brasileira do Open School IHI, que disponibiliza cursos online de formação na área de qualidade e segurança na saúde. 

Ao todo, são 20 cursos disponíveis para estudantes e professores e, na UFLA, eles deverão ser ofertados como atividade complementar reconhecida no currículo. 

No mundo, o IHI tem cerca de 250 mil estudantes e residentes já concluíram o curso online e existem 739 unidades em 72 países. Em breve, a UFLA deverá anunciar os detalhes e as formas de adesão.

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