segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

PESQUISADOR ESTUDA USO DO TEMPO, DESIGUALDADES SOCIAIS E DESEMPENHO ESCOLAR


A forma como usamos o tempo afeta nosso desempenho? Esse é um dos questionamentos que o grupo de pesquisa da UFJF Equidade, Políticas e Financiamento da Educação Pública busca responder. Coordenado pelo professor Fernando Tavares Jr. do Instituto de Ciências Humanas (ICH). O grupo organiza-se de forma interdisciplinar, reunindo professores de diferentes unidades da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), como o Instituto de Ciências Humanas, a Faculdade de Educação, o Instituto de Ciências Exatas e a Faculdade de Economia, em torno de objetos de pesquisa comuns. 

Esta pesquisa, ligada ao Observatório da Educação (Obeduc), teve início em 2013 e acompanha alunos e professores de duas escolas de Juiz de Fora a fim de identificar fatores que concorrem para o êxito escolar e profissional a partir da forma como os alunos e suas famílias organizam suas atividades diárias.

A escolha das escolas públicas obedeceu a critérios de representatividade e perfil, sendo escolas típicas, similares a outras tantas encontradas pelo Brasil. São alunos do 5º e 9º anos, seus principais responsáveis e todos os professores das escolas. 

O coordenador do projeto e professor do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Luiz Flávio Neubert, conta que a escolha por essas séries se fez em função de ser um período de mudança na vida acadêmica, “também representa todo o processo de desenvolvimento que ele teve até chegar àquele ponto". 

O estudo iniciado em 2013 continuou em 2014 de forma longitudinal, acompanhando todos os alunos em sua trajetória até a conclusão do Ensino Fundamental. O grupo utilizou três frentes metodológicas: questionários, diários de uso do tempo e teste de proficiência. Os questionários foram respondidos pelos alunos, professores e responsáveis e continham indagações sobre o cotidiano, a escolaridade, atividades extras, dentre outros fatores de influência. 

Além dos questionários, foram detalhados os diários em dias de semana e dias do final de semana, descrevendo em detalhes quanto tempo os sujeitos despendem para realizar cada uma das atividades desenvolvidas durante as 24 horas do dia. Por meio desses resultados, foi observado, por exemplo, que os alunos dedicam, em média, apenas meia hora do seu dia para estudar quando estão fora da escola, o que é uma quantidade muito inferior à desejável. 

Também se observou que o tempo dos professores é muito consumido por deslocamentos e tarefas não pedagógicas. Isso se refletiu diretamente no baixo número de horas dedicadas aos estudos e treinamentos, que é de 2% durante a semana e 1% nos finais de semana: um resultado baixo para quem quer atingir as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação. 

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