Uma força-tarefa, formada pelo Ministério Público Estadual (MP) e pelo setor de inteligência da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, instaurou inquérito para investigar o esquema de venda de carteiras de motorista em Minas, com foco na cidade Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Conforme O Tempo denunciou ontem, com exclusividade, exames de direção estão sendo comercializados em troca de uma propina de R$ 1.000. O golpe, que contaria com instrutores, examinadores e alunos corruptos é gerenciado de Betim por pelo menos uma autoescola, localizada no centro do município.
Inicialmente, o foco da investigação vai se concentrar para descobrir quem são os examinadores do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), que estariam recebendo propina para facilitar as aprovações nas provas práticas. Para isso, serão intimados o suposto proprietário da autoescola e o instrutor da mesma firma. Para reportagem, a dupla confessou que fica com R$ 200 do dinheiro obtido no esquema. O restante, R$ 800, segundo eles, seria repartido entre os examinadores do Detran. Em Betim, os exames acontecem duas vezes por mês e são aplicados por cerca de 50 examinadores do Detran, os mesmos que compõem a banca que percorre o Estado.
A partir do depoimento dos suspeitos, a força-tarefa do MP e da Polícia Civil pretende identificar os supostos examinadores que integram o esquema. Os crimes de corrupção ativa e passiva são puníveis até com oito anos de cadeia, segundo o Código Penal brasileiro. Em Betim, quem vai conduzir o inquérito é o promotor criminal, Márcio José de Oliveira. Já na Polícia Civil, as investigações serão conduzidas pelo delegado geral da corporação, Francisco Carvalho Martins. A investigação da força-tarefa vai concentrar ainda na tentativa de descobrir se outras autoescolas estariam fazendo parte do esquema de corrupção. Segundo relato de alunos e ex-alunos, outras empresas também estão intermediando a venda das carteiras.
Além de desmantelar o grupo criminoso, o setor de inteligência da Polícia Civil apura a tentativa de intimidação e ameaça contra um dos repórteres que produziu a matéria, após determinação do governador Aécio Neves e do secretário de Estado de Defesa Social, Maurício Campos Júnior. O jornalista recebeu ameaça por telefone enquanto apurava a reportagem.
Números
R$ 1.000 é o valor da carteira de motorista retirada ilegalmente na cidade de Betim
R$ 400 é o valor embolsado por cada um dos examinadores do Detran-MG envolvidos na fraude
O Tempo
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